Do ponto de vista político , o governo Dutra foi
melancólico . Já no
final de 1946, Vargas retirou o apoio concedido
ao presidente e
ocupou-se no fortalecimento do PTB , com vista
na sucessão
presidencial. A partir da metade do mandato , a
agenda política foi
atropelada pela sucessão. Vargas lançou-se
candidato pelo PTB, o
terceiro partido do país em número de
parlamentares , em aliança , com
o Partido Social Progressista (PSP) , do
governador Ademar de Barros.
Para a aliança ficara combinado que, uma vez
eleito , Vargas apoiaria
Ademar para sua sucessão . Era a união dos dois
maiores líderes
populistas daquela época. O "pai dos
pobres" , símbolo da nação
durante o Estado Novo , e o "tocador
de obras" , popularizado pela
máxima "aos amigos tudo , aos inimigos a
lei! E autodefinido pela
expressão "rouba mas faz". Era uma
dupla e tanto. O presidente Dutra
recusou-se a apoiar Getúlia e lançou a
inexpressiva candidatura do
mineiro Cristiano Machado , pelo PSD. Pela UDN ,
que relutava em
participar das estratégias populistas ,
concorria novamente o
brigadeiro Eduardo Gomes . Em meio à campanha ,
o brigadeiro declarou
ser favorável à extinção do salário mínimo , uma
medida impopular. As
eleições de 1950 incendiaram o país. A marchinha
de campanha de Vargas
virou sucesso nacional : "Bota o retrato do
velho outra vez/Bota no
mesmo lugar/ sorriso do velhinho fez a gente
trabalhar". As palavras
do extraordinário orador da UDN, o deputado
Carlos Lacerda, também
fizeram sucesso : "O Senhor Getúlio Vargas
não deve ser candidato à
presidência . Candidato , não deve ser eleito .
Eleito , não deve
tomar posse. Empossado, devemos recorrer à
revolução para impedi-lo de
governar".