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quarta-feira, 20 de junho de 2018

A Morte Térmica E As Extrapolações Da Física Para Outras Áreas


  O estabelecimento da Segunda Lei da Termodinâmica causou certo alvoroço , não só entre os físicos como também entre pensadores de outras áreas. Afinal de contas , essa lei previa um desperdício (degradação) inevitável de energia mecânica. Em toda transformação natural há aumento da desordem e uma parte da energia mecânica transforma-se em calor. Com o tempo , toda a energia mecânica seria transformada em calor. O calor fluiria das regiões mais quentes para as regiões mais frias , até que todo o Universo estaria à mesma temperatura e num estado de desordem máxima. A partir daí não haveria possibilidade de realização de trabalho e teríamos a morte térmica do Universo. Essas considerações estimularam a imaginação de vários escritores, como o inglês H. G. Wells (1866-1946) , em seu romance "A Máquina do Tempo", e o francês Camille Flammarion (1842-1925) , no romance "O Fim do Mundo". O estado da desordem máxima parece ser uma consequência inevitável da Segunda Lei da Termodinâmica. Se isso vai ou não ocorrer , não temos ainda certeza, por duas razões : primeira , não sabemos se o Universo é finito ou infinito ; segunda , também não temos certeza de que as leis da Termodinâmica sejam válidas nas regiões longínquas do Universo. De qualquer maneira, se esse desastre realmente ocorrer , será somente daqui a milhões de anos, o que ainda nos dá algum tempo para pensar no problema . A história registra vários exemplos de situações em que pensadores tentam transpor idéias da Física para as Ciências Humanas , o que é bastante discutível. Uma dessas situações ocorreu com a Segunda Lei. Ao ser formulada , em 1850 , acabou por reforçar a onda de pessimismo que havia em alguns setores da intelectualidade, tanto na Europa como nos Estados Unidos . O argumento era que , assim como no mundo físico , a humanidade também se dirigia , inevitavelmente , para um estado de desordem máxima.  Essa seria a explicação para a desintegração social que , segundo esses intelectuais , estava ocorrendo. O historiador americano Henry Adams (1838-1918) , pensando nesse aumento de desordem , escreveu uma obra intitulada "A Degradação Do Dogma Democrático".

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