O estabelecimento da Segunda Lei
da Termodinâmica causou certo alvoroço , não só entre os físicos como também
entre pensadores de outras áreas. Afinal de contas , essa lei previa um
desperdício (degradação) inevitável de energia mecânica. Em toda transformação
natural há aumento da desordem e uma parte da energia mecânica transforma-se em
calor. Com o tempo , toda a energia mecânica seria transformada em calor. O
calor fluiria das regiões mais quentes para as regiões mais frias , até que
todo o Universo estaria à mesma temperatura e num estado de desordem máxima. A
partir daí não haveria possibilidade de realização de trabalho e teríamos a
morte térmica do Universo. Essas considerações estimularam a imaginação de vários
escritores, como o inglês H. G. Wells (1866-1946) , em seu romance "A
Máquina do Tempo", e o francês Camille Flammarion (1842-1925) , no romance
"O Fim do Mundo". O estado da desordem máxima parece ser uma
consequência inevitável da Segunda Lei da Termodinâmica. Se isso vai ou não
ocorrer , não temos ainda certeza, por duas razões : primeira , não sabemos se
o Universo é finito ou infinito ; segunda , também não temos certeza de que as
leis da Termodinâmica sejam válidas nas regiões longínquas do Universo. De
qualquer maneira, se esse desastre realmente ocorrer , será somente daqui a
milhões de anos, o que ainda nos dá algum tempo para pensar no problema . A
história registra vários exemplos de situações em que pensadores tentam
transpor idéias da Física para as Ciências Humanas , o que é bastante
discutível. Uma dessas situações ocorreu com a Segunda Lei. Ao ser formulada ,
em 1850 , acabou por reforçar a onda de pessimismo que havia em alguns setores
da intelectualidade, tanto na Europa como nos Estados Unidos . O argumento era
que , assim como no mundo físico , a humanidade também se dirigia ,
inevitavelmente , para um estado de desordem máxima. Essa seria a explicação para a desintegração
social que , segundo esses intelectuais , estava ocorrendo. O historiador
americano Henry Adams (1838-1918) , pensando nesse aumento de desordem ,
escreveu uma obra intitulada "A Degradação Do Dogma Democrático".