Como podemos afirmar que um corpo está em movimento ou
em repouso? O
estudo do movimento de um corpo é uma dentre as
muitas noções que
aprendemos em Física. Como primeiro passo, é
sabido que, para definir
a condição de movimento ou repouso de um corpo ,
precisarmos
estabelecer em relação a qual objeto ou sistema
de referência estamos
fazendo nossa observação. Analisaremos, por
exemplo, um indivíduo
sentado dentro de um ônibus. Se considerarmos o
ônibus como o sistema
de referência em relação ao qual as medidas são
feitas , esse
indivíduo estará em repouso. Mas , se
considerarmos o conjunto
constituído por asfalto , calçadas e postes como
sistema de referência
, esse indivíduo pode ser considerado como
estando em movimento (desde
que o ônibus esteja se deslocando em relação a
um elemento do
sistema). Portanto, a pergunta inicial não tem
uma resposta , digamos
, absoluta. Ela fica condicionada ou
relativizada a um sistema de
referência. Galileu foi um dos primeiros a fazer
referência à ideia de
relativizar os movimentos e obteve resultados
significativos com isso.
Seu primeiro progresso foi estabelecer o chamado
princípio da inércia,
segundo o qual um objeto inicialmente em repouso
ou em movimento
retilíneo uniforme (ambos medidos com relação a
um dado referencial)
permanecerá nesse estado a menos que seja
submetido à ação de uma
força externa. Ainda segundo ele, tanto no caso
dos corpos em repouso
como no caso de eles estarem descrevendo um
movimento retilíneo com
velocidade constante, as leis físicas deveriam
permanecer iguais , o
que é muitas vezes chamado de princípio da
relatividade de Galileu: O
movimento de qualquer corpo está sujeito às mesmas
leis , tanto num
sistema de referência que está em repouso quanto
num sistema de
referência que se desloca com velocidade
constante e em linha reta
(chamados de referenciais inerciais). Lembramos
que algumas propostas
surgiram e , nesse contexto de efervescência de
ideias e resultados ,
cientistas como Hendrik Antoon Lorentz
(1853-1928) e Jules Henri
Poincaré (1854-1912) foram fundamentais para o
desenvolvimento da
Teoria da Relatividade. Eles lançaram as
sementes para que Albert
Einstein (1879-1955) pudesse publicar, em 1905,
um artigo ("Sobre a
Eletrodinâmica dos corpos em movimento")
que, além de sugerir uma
explicação que prescindia da hipótese do éter ,
também representou uma
profunda mudança na maneira de interpretar o
universo físico. Você já
deve ter ouvido, quando se fala da Teoria da
Relatividade , um clichê
que aparece com bastante frequência , o famoso
"tudo é relativo".
Alguns textos , inclusive , apontam essa
expressão como sendo um
"pensamento" de Einstein. Mas tal
afirmação precisa ser vista com
muitas ressalvas . Na realidade , a Teoria da
Relatividade busca
exatamente o oposto , ou seja, algo que não
dependa do ponto de vista
de um observador. Por mais curioso que isso
possa parecer à primeira
vista, para Einstein um modelo só poderia merecer
confiança se não
dependesse de um referencial. Mas como não
depender de um referencial?
O que isso significa? Para responder , façamos
outro passeio
histórico...