Ao mesmo tempo em que ocorria uma escalada das pressões
sociais e novas
formas de organização popular disseminavam-se
pelas cidades e pelo
mundo rural. As tensões verificadas ao longo da
década de 1950
evidenciavam uma profunda crise , que não
decorria das ações dos
governos que se sucederam : tratava-se do
gradativo esgotamento do
regime e do modelo econômico de substituição de
importações. As
tentativas golpistas que procuraram impedir a
posse de Vargas e de
Juscelino Kubitschek, e a crise de 1954
expuseram a precariedade do
equilíbrio institucional. Acentuou-se o
enfrentamento das forças
sociais, em virtude da ampliação das pressão
populares sobre o Estado,
colocando em xeque o compromisso político-social
que lhe dava
sustentação. A forte aceleração econômica, calcada
na expansão da
indústria de bens de consumo duráveis ,
promovida pelo governo JK.
Havia deixado como herança o descompasso entre o
crescimento
industrial e a produção agrícola. O rápido
aumento da população urbana
e de sua demanda , além da desorganização de
determinadas áreas
agrícolas , acabou por redundar em seguidas
crises de abastecimento e
inquietações sociais generalizadas. Por
outro lado, o financiamento
do Plano de Metas ampliou o endividamento
externo e o déficit
orçamentário da União, coberto por emissões
monetárias que ocasionaram
elevados índices de inflação. O crescimento
desigual dos diversos
setores da economia e das várias regiões
consolidou o processo de
concentração de renda , estimulando a onda de
reivindicações sociais.