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domingo, 17 de junho de 2018

As Letras E as Raças - O Romantismo E A Busca da Identidade Nacional


A constituição da nação brasileira funcionou como o pano de fundo das
transformações da segunda metade do século XIX. A campanha
abolicionista e o estímulo à imigração puseram em causa o tipo de
nação que o Estado monárquico teria condições de estabelecer. Se a
população era constituída por negros , índios , mestiços e , agora ,
por imigrantes europeus de diversas nacionalidades , tornando mais
complexa a tarefa da construção da nação , a elite dirigente era mais
ou menos coesa : branca , letrada e liberal , e em geral composta por
bacharéis de Direito. Além de se diferenciar dos demais grupos da
sociedade , à elite caberia interferir no processo de constituição da
nação brasileira. Com o estabelecimento das primeiras faculdades de
Direito em São Paulo e no Recife , em 1827, e com a fundação do
Instituto Histórico Geográfico Brasileiro , em 1838 , criaram-se as
duas bases para a formação e a atuação da elite intelectual brasileira
, preocupada em influenciar os setores dominantes da sociedade.  Uma
verdadeira "ilha de letrados num mar de analfabetos" , a elite teve no
romantismo sua principal forma de expressão literária. Gonçalves de
Magalhães , José de Alencar , Joaquim Manuel de Macedo , Castro Alves
e Gonçalves Dias , conhecidos escritores e poetas românticos,
destacaram-se também por suas atividades políticas no processo de
constituição do Estado Nacional. Unidos pelo movimento literário ,
José de Alencar e Joaquim Manuel de Macedo opunham-se , porém , no que
se referia à escravidão. Alencar era um dos mais destacados críticos
das propostas abolicionistas. Macedo chamava a atenção para os efeitos
 da escravidão sobre os homens brancos: a que também se submetiam ao
prorrogar o regime escravista. Divididos quanto à escravidão , os
românticos buscaram no indianismo a base de uma incipiente
manifestação nacionalista. A identidade nacional deveria ser resgatada
no elemento indígena , uma tanto idealizado mas suficientemente
distante do "perigoso" e "selvagem" negro, que era deliberadamente
removido dos fundamentos da "nação brasileira".





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