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sexta-feira, 22 de junho de 2018

A Crise Do "Milagre"


O general Ernesto Geisel, candidato da Arena , venceu facilmente o representante da oposição em janeiro de 1974. Ligado à "Sorbonne" , o novo presidente iniciou o processo de flexibilização do regime através de sua política de distensão , que previa uma série de alterações parciais (abrandamento da censura e de medidas repressivas , e negociações com setores oposicionistas). Seu objetivo era atenuar as tensões decorrentes do exercício do poder sob regras tão autoritárias e alargar a base de sustentação do governo através da cooperação de setores da oposição. Pretendia implementar uma "democracia relativa" , na qual era reservado ao Estado o poder de lançar mão de medidas de emergência para suspender direitos individuais diante de contestações organizadas. Ao mesmo tempo, permitia-se certa participação para suspender direitos individuais diante de contestações organizadas. Ao mesmo tempo, permitia-se certa participação da oposição nas decisões políticas. Mantinha-se a orientação do mago da Escola Superior de Guerra , o general Golbery do Couto e Silva , para quem a repressão ilimitada punha em risco a segurança nacional. Apesar de todos os limites , o diálogo era iniciado. Em 1974, os primeiros sinais da crise do "milagre brasileiro", ampliaram a voz da oposição consentida. Desde 1973 a inflação voltara a subir e seus efeitos aumentavam em decorrência da correção monetária. Mantida a política de contenção salarial, a aceleração inflacionária provocou queda na capacidade de consumo da sociedade e  atingiu  a classe média. Com medidas de limitação ao crédito o governo conseguiu controlar a inflação à custa de uma recessão de vendas e sacrificando uma das características centrais do modelo econômico : a coexistência de crédito abundante , do controle de preços e da correção monetária. Assim, o combate à inflação voltou a ter maior prioridade que o crescimento acelerado. Um outro problema da economia brasileira em 1973 dizia respeito à entrada excessiva de capitais estrangeiros. Atraído pela taxa de juros, o imenso fluxo de capitais tendia a alargar o volume monetário em circulação , o que poderia acelerar e ampliar exageradamente as reservas cambiais. A solução foi militar os ingressos de capital no país. Tal situação alterou-se radicalmente no ano seguinte. A primeira crise do petróleo elevou o preço do produto no mercado mundial e afetou a balança comercial brasileira, que teve déficit de U$$ 5 bilhões. Novas medidas foram tomadas , dessa vez no intuito de estimular a entrada de capitais externos. A essa altura , o Brasil importava cerca de 80% do petróleo de que necessitava . Fruto da política desenvolvimentista e das medidas de incentivo tomadas durante a ditadura militar, a indústria automobilística brasileira apresentou os maiores índices de crescimento durante os anos do milagre econômico , ao mesmo tempo que a malha ferroviária  e outros meios de transporte foram sucateados. Transportes , veículos e indústrias necessitavam da matéria-prima cujo preço no mercado mundial era controlado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). Os efeitos do aumento do preço do petróleo atingiram em cheio a economia nacional.


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