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sexta-feira, 15 de junho de 2018

A Ideologia No Cotidiano



Em nosso cotidiano, ao nos relacionarmos com as outras pessoas ,
exprimimos por meio de ações , palavras e sentimentos uma série de
elementos ideológicos. Como vivemos em uma sociedade capitalista , a
lógica que a estrutura , a da mercadoria , permeia  todas as nossas
relações , sejam elas econômicas , políticas , sociais ou sentimentais
. Podemos dizer que há um modo capitalista de viver , de sentir e de
pensar. A expressão da ideologia na sociedade capitalista pressupõe a
elaboração de um discurso homogêneo , pretensamente universal , que ,
buscando identificar a realidade social com o que as classes
dominantes pensam sobre ela , oculta as contradições existentes e
silencia outros discursos e representações contrárias. Esse discurso
não leva em conta a história e destaca categorias genéricas - a
família ou a juventude , por exemplo - , passando , em cada caso , uma
ideia de unidade , de uniformidade. Ora, existem famílias com
constituições diferentes e em situações econômicas e sociais diversas.
Há jovens que vivem nas periferias das cidades ou na zona rural ,
enfrentando  dificuldades , bem como jovens que moram em bairros
luxuosos ou condomínios fechados , desfrutando de privilegiada
situação econômica ou educacional. Portanto, não existe a família e a
juventude , mas famílias e jovens diversos , cada qual com sua
história. Outra manifestação ideológica na sociedade capitalista é a
ideia de que vivemos em uma comunidade sem muitos conflitos e
contradições. As expressões mais claras disso são as concepções de
nação ou de região como determinado país ou dado espaço geográfico.
Essas concepções passam a visão de que há uma comunidade de interesse
e propósitos partilhados por todos os que vivem num país ou num espaço
específico. Ficam assim obscurecidas as diferenças sociais ,
econômicas e culturais , os conflitos entre os vários grupos e classes
, enfatizando-se uma unidade que não existe. Um exemplo disso é a
atribuição de determinadas características a toda uma região que tem
em seu interior uma diversidade muito grande. Mas existem outras
formas ideológicas que são desenvolvidas sem muito alarde e que
penetram nosso cotidiano. Uma delas é a ideia de felicidade .
Felicidade , para muitos, é um estado relacionado ao amor , mas também
significa estabilidade financeira e profissional, bem-estar
existencial  e material. É um conjunto de situações , mas normalmente
a mais focalizada é a amorosa. E os filmes , as novelas ,  revistas ,
apesar de todas as condições adversas que um indivíduo possa enfrentar
, estão sempre reforçando o lema : " o amor vence todas as
dificuldades". Talvez a maior de todas as expressões ideológicas que
encontramos em nosso cotidiano seja a ideia de que o conhecimento
científico é verdade inquestionável. Muitas pessoas podem não
acreditar em uma explicação oferecida por campos do conhecimento que
não são considerados científicos , mas basta dizer que se trata de
resultado de pesquisa ou informação de um cientista para que a tomem
como verdade e passem a orientar suas práticas cotidianas por ela.
Isso aparece principalmente quando as informações e notícias são
veiculadas pelos meios de comunicação e se referem à saúde. Da busca
do sentido da vida às possibilidades de sucesso, a ciência é vista
como uma grande solução para todos os problemas , males e enigmas. Ora
, nada está mais distante do conhecimento científico do que a ideia de
verdade absoluta e a pretensão de explicar todas as coisas. A ciência
nasceu e se desenvolveu questionando as explicações dadas a situações
e fenômenos , e continua se desenvolvendo com base no questionamento
de seus próprios resultados. O pensamento científico é histórico e tem
sua validade temporária , sendo a dúvida seu valor maior. Mas o
conhecimento científico, quando analisado da perspectiva de uma
pensamento hegemônico ocidental, torna-se colonialista , pois o que é
particular (ocidental) se universaliza e se transforma em um paradigma
que nega outras formas de explicar e conhecer o mundo. Assim,
desqualifica outras culturas e saberes , tidos como inferiores e
exóticos , como o conhecimento das civilizações ameríndias , orientais
e árabe.

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