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quinta-feira, 14 de junho de 2018

As Transformações No Ocidente E As Novas Formas De Pensar A Sociedade


  A Sociologia , no contexto do conhecimento científico , surgiu como um corpo de ideias a respeito do processo de constituição, consolidação e desenvolvimento da sociedade moderna. Ela é fruto da Revolução Industrial e é denominada "ciência da crise" , porque procurou dar respostas às questões sociais impostas por essa revolução que , num primeiro momento , alterou a sociedade europeia e , depois o mundo todo. A Sociologia como "ciência da sociedade" não surgiu de repente , ou da reflexão de algum autor iluminado ; ela é fruto de todo um conhecimento sobre a natureza e a sociedade que se desenvolveu a partir do século XV , quando ocorreram transformações significativas que tiveram como resultado a desagregação da sociedade feudal e a constituição da sociedade capitalista. Essas transformações - a expansão marítima , o comércio capitalista. Essas transformações - a expansão marítima , o comércio ultramarino, a formação dos Estados nacionais , a Reforma Protestante e o desenvolvimento científico e tecnológico - estão vinculadas umas às outras e não podem ser entendidas de forma isolada. Elas são o pano de fundo que permite entender melhor um movimento intelectual de grande envergadura que alterou profundamente as formas de explicar a natureza e a sociedade desde então. A expansão marítima europeia teve um papel importante nesse processo , pois , com a circunavegação da África e o descobrimento da rota para as Índias e para a América , a concepção de mundo dos povos europeus foi consideravelmente ampliada. A definição de um mundo territorialmente muito mais amplo, com diferentes povos e culturas , exigiu a reformulação do modo de ver e de pensar dos europeus. Ao mesmo tempo em que se conheciam novos povos e novas culturas , instalavam-se colônias na África , na Ásia  e na América , ocorrendo com isso a expansão do comércio de mercadorias (sedas, especiarias e produtos tropicais , como açúcar , milho , tabaco e café) entre as metrópoles e as colônias , bem  como entre os países europeus. Nascia então a possibilidade de um mercado muito mais amplo e com características mundiais. A exploração de metais preciosos , principalmente na América , e o tráfico de escravos para suprir a mão de obra nas colônias deram grande impulso ao comércio , que não ficou restrito aos mercadores das cidades-repúblicas (Veneza, Florença ou Flandres), passando também para as mãos de grandes comerciantes e de soberanos dos importantes Estados nacionais em formação na Europa. Toda essa expansão territorial e comercial acelerou o desenvolvimento da economia monetária , com a acumulação de capitais pela burguesia comercial , que , mais tarde , teve uma importância decisiva na gestação do processo de industrialização da Europa. As mudanças que se operavam nas formas de produzir a riqueza só poderiam funcionar se ocorressem modificações na organização política. Assim, pouco a pouco, desenvolveu-se uma estrutura  estatal tinha por base a " centralização da justiça" , com um novo sistema jurídico baseado no Direito Romano. Houve também a "centralização das forças armadas", com a formação de um exército permanente , e a "centralização administrativa" , com um aparato burocrático ordenado hierarquicamente e com um sistema de cobrança de impostos que permitiu a arrecadação constante para manter todo esse aparato jurídico-burocrático-militar sob um único comando. Nasceu , dessa forma , o Estado moderno, que favoreceu a expansão das atividades vinculadas ao desenvolvimento da produção têxtil , à mineração e à siderurgia , bem como ao comércio interno e externo. No século XVI , desenvolveu-se outro movimento , o da Reforma Protestante . Esse movimento , que entrou em conflito com a autoridade papal e a estrutura da Igreja , valorizava o indivíduo e permitia a livre leitura das Escrituras Sagradas ; provocava , dessa forma , o confronto com o monopólio do clero na interpretação baseada na fé e nos dogmas .  Muitos passaram , então, em vários lugares do mundo ocidental , não só a interpretar as Escrituras Sagradas, como também professar sua fé em Deus diretamente , sem a intermediação dos ministros da Igreja. Se nascia uma nova maneira de se relacionar com as coisas sagradas , concebia-se também outra forma de analisar o universo. A razão passava a ser soberana e era entendida como elemento essencial para se conhecer o mundo; isto é , os homens deviam ser livres para julgar , avaliar , pensar e emitir opiniões, sem se submeter a nenhuma autoridade transcedente ou divina , que tinha na Igreja a sua maior defensora e guardiã.  Do século XV ao XVII , o conhecimento racional do universo e da vida em sociedade tornou-se uma regra seguida por alguns pensadores ; foi uma mudança lenta , sempre enfrentando embates contra o dogmatismo e a autoridade da Igreja , a exemplo do Concílio de Trento e dos processos da Inquisição , que procuraram Impedir toda e qualquer manifestação que pudesse pôr em dúvida a autoridade eclesiástica , seja no campo da fé , seja no das explicações que se propunham para a sociedade e a natureza. Essa nova forma de conhecer a natureza e a sociedade , em que a experimentação e a observação eram fundamentais , era representada pelo pensamento e pelas obras de diversos autores; entre eles , Nicolau Maquiavel (1469-1527), Nicolau Copérnico (1473-1543) , Galileu Galilei (1564-1642), Thomas Hobbes (1588-1679) , Francis Bacon (1561-1626) e René Descartes (1596-1650) . Além desses pensadores , dois outros fizeram a intermediação entre esses conhecimentos e os que se desenvolveram no século seguinte : John Locke (1632-1704) e Isaac Newton (1642-1727). Ao passo que o primeiro propunha novos princípios para a compreensão da razão humana , o segundo estabelecia um novo fundamento para o estudo da natureza.

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