A agricultura obrigava os homens a uma
existência sedentária. Eles tinham de se fixar para cuidar da terra e viver
juntos para se protegerem mutuamente. Assim, surgiram as cidades. A mais antiga
cidade agrícola conhecida , anterior à Bíblia , foi Jericó , na Palestina. Um
oásis com água potável e trigo à beira do deserto , com poucas ruas e casas
modestas feitas de adobe - pequenos tijolos preparados com argila crua e
secados ao sol - , sem portas nem janelas , cuja entrada era um pequeno
orifício no teto. O surgimento de cidades como Jericó, das construções e de um
comércio feito com conchas e pedras semipreciosas evidenciam o largo alcance da
Revolução do Neolítico. O desenvolvimento de certos ofícios acabou criando uma
divisão do trabalho. Surgiram as olarias especializadas na fabricação de
vasilhas para cozinhar e armazenar alimentos. As ferramentas de pedra também se
refinaram. Boa parte das plantas alimentícias que hoje conhecemos começou a ser
cultivada . Mais ainda , fibras vegetais provenientes de plantas, como o linho
e o algodão, eram utilizadas para produzir fios e tecer roupas. A agricultura
sistemática acabou provocando mudanças nas relações entre o homem e a mulher.
Os homens assumiram a responsabilidade de trabalhar nos campos e domesticar os
animais , atividades que os mantinham longe de casa. A mulher permanecia na
retaguarda , cuidando dos filhos , tecendo as roupas , preparando queijo a
partir do leite e realizando outras tarefas domésticas. Com o tempo, conforme
se percebia a importância do trabalho desempenhado fora da casa , os homens
começaram a assumir o papel dominante na sociedade. Por ter estabelecido padrões que perduram até
hoje - como os assentamentos fixos , a domesticação regular dos animais e
plantas , a divisão do trabalho e o exercício do poder - , a Revolução do
Neolítico é um ponto crítico na história da humanidade. Essa revolução gerada
pela sedentarização pode ser comparada às transformações provocadas por outra
revolução tecnológica mais recente : a industrialização nos séculos XIX e XX.
Ambas mudaram a face do mundo. No princípio , os assentamentos neolíticos
formavam pequenas vilas. Pouco a pouco , conforme seus habitantes ampliavam a
arte do cultivo , eles começaram a dar origem a sociedades humanas mais
complexas. À medida que a riqueza aumentava , essas sociedades começaram a
formar exércitos e a construir muralhas em torno de suas cidades. No início da Idade de Bronze , as
concentrações de pessoas ao redor dos vales dos rios Tigre e Eufrates , na
Mesopotâmia , no Nilo , no Egito , na Índia, do Yang-Tsé-Kiang e Hoang-Ho , na
China , e do San Juan , na Meso-américa estavam dando origem a um novo modo de
vida humano. As sociedades humanas cresciam , adquiriam maior complexidade ,
surgiam Estados organizados para a atividade militar , para projetos que
demandassem trabalho conjunto (como canais de irrigação, portos , templos ,
pirâmides , etc.). Estava em curso um processo
que levaria à formação das civilizações. A razão pela qual as primeiras
civilizações se desenvolveram continua difícil de explicar. Dado que elas
evoluíram totalmente independentes na Índia , na China , a Mesopotâmia e no
Egito , não é possível identificar com precisão causas comuns para seu
surgimento. Segundo uma das teorias , as dificuldades obrigaram os seres
humanos a fazerem esforços conjunto que resultaram mais material. A criação de
excedentes e da agricultura conduziu à especialização do trabalho e ao
desenvolvimento de comunidades dotadas de uma organização burocrática. Outros
estudiosos argumentam que forças religiosas proporcionaram um sentido de
unidade e de propósitos entre os homens que possibilitou a existência de tais
atividades organizadas. Há , por fim, os que duvidam de que as causas reais do
surgimento das primeiras civilizações possam ser esclarecidas. A civilização também deu ao homem a
capacidade de se organizar para empreendimentos destrutivos : as guerras. Algo
diferente da antiga rivalidade , do choque entre as tribos. Por meio da
disciplina , do treinamento de grandes massas humanas como unidades , a guerra
foi uma invenção especial da civilização. No centro da máquina de guerra estava
a sagrada tecnologia nascida do osso-arma , a criatividade humana desenvolvendo
catapultas, espadas , armas de fogo e bombas nucleares. Acostumamo-nos a
conceber a tecnologia como um bem maior. Sempre a associamos a ferramenta , e
não a arma. Com muito custo , aceitamos que a tecnologia é um instrumento
neutro , cujos efeitos podem ser bons ou maus , dependendo de quem dele se
apropria.