Após o século VIII a.C ., a vida urbana renasceu . A
escrita tornou-se
novamente parte da cultura grega , utilizando
agora os caracteres mais
aperfeiçoados dos fenícios. Pouco a pouco, as
cidades-Estado gregas -
definidas como pólis ou urbes - foram de
desenvolvendo. Essas urbes
não têm certidão de nascimento. Só as
reconhecemos quando já estavam
funcionando, por volta do final do século IX e
no século VIII a.C.
Além disso , não houve um desenvolvimento
simultâneo. Cada urbe era
independente , tinha suas próprias instituições
e frequentemente
entrava em atrito com as outras . Sua dimensão
era pequena ; a maioria
delas tinha menos de 5 mil cidadãos do sexo
masculino. Atenas , que
era uma grande cidade-Estado , contava com cerca
de 35 mil cidadãos
homens; o resto de seus 350 mil habitantes era
constituído de mulheres
, crianças , estrangeiros residentes e escravos
, nenhum dos quais
tinha direitos políticos. A pólis era uma
comunidade com governo
próprio que expressava a vontade de cidadãos
livres, não os desejos de
deuses , monarcas hereditários ou
sacerdotes. A pólis grega também
nasceu como uma instituição religiosa na qual os
cidadãos buscavam
conservar uma aliança com suas divindades , mas
, pouco a pouco, eles
reduziram a importância dos deuses na vida
política e basearam o
governo na razão. A emergência de atitudes
racionais implicava , é
claro, o fim da religião, especialmente para os
camponeses , que
permaneciam fiéis a sues antigos cultos , deuses
e santuários. Nem os
dirigentes gregos deixavam de consultar
presságios e oráculos antes de
tomarem decisões. Cada gesto da vida pública ou
da vida privada
conservava uma dimensão sagrada. A
tradição mítico-religiosa jamais
desapareceu na Grécia, mas coexistiu com um
crescente racionalismo.
Quando a civilização ateniense atingiu seu
apogeu , em meados do
século V a.C. , a religião já não era um fator
dominante na política.
O que tornou a vida política grega diferente da
de civilizações
primitivas , e lhe conferiu um significado
duradouro, foi a capacidade
dos gregos de compreender que os problemas da
comunidade são
provocados pelos seres humanos e exigem soluções
humanas. Assim, eles
chegaram a entender que a lei é uma conquista da
razão mais do que
algo imposto pelos deuses.