Até 1880 as nações europeias governavam apenas um
décimo do continente
africano. Em 1914, haviam reivindicado toda a
África , exceto a
Libéria , pequeno território de escravos
libertos dos Estados Unidos ,
e a Etiópia (Abissínia), que havia rechaçado com
êxito os invasores
italianos , em 1896. Já em 1876, Leopoldo II da
Bélgica formara a
Associação Internacional para a Exploração e
Civilização da África
Central. Enviara, entre outros , Henry Stanley
(1841-1904) à bacia do
Congo para estabelecer postos de comércio ,
assinar tratados com os
chefes locais e reivindicar o território para a
Associação. Stanley
era um jornalista aventureiro , que havia lutado
em ambos os lados da
Guerra de Secessão dos Estados Unidos e, antes
disso, havia chefiado
uma expedição à África Central , à procura
de Livingstore, que andava
desaparecido. Os esforços privados de
desenvolvimento de Leopoldo II
prometiam lucros para homens como Stanley e
outros europeus , e
exploração brutal para os africanos. Os franceses
reagiram a essas
notícias , estabelecendo imediatamente
protetorados nas margens no
norte do rio Congo. Era a corrida pela África.
Em 1884, o chanceler
alemão Bismarck e o primeiro-ministro francês
Jules Ferry convocaram a
Conferência Internacional de Berlim para
estabelecer algumas regras
para o desenvolvimento da África subsaariana.
Leopoldo II foi
declarado governante pessoal do Estado Livre do
Congo e a Bacia do
Congo foi transformado em zona de livre comércio
para negociantes de
todos os países. Estabeleceu-se a nome de que um
país europeu tinha de
ocupar efetivamente um território para
reivindicá-lo. A consequência
foi uma desabalada corrida para o interior
africano, em que se
ignoravam fronteiras , tanto naturais quanto
culturais. O mapa da
África mostra, ainda hoje , muitas linhas de
limites retas , traçadas
com régua , em vez de linhas irregulares e
fronteiras naturais,
determinados por rios ou cadeias montanhosas. A
Conferência de Berlim
determinou também o fim da escravidão e do
comércio de escravos na
África. Em pouco tempo, porém , as práticas da
Associação criada por
Leopoldo II tornaram-se tão destrutivas quanto a
dos traficantes de
escravos africanos.