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quinta-feira, 7 de junho de 2018

Maio de 1968 na França


Em maio de 1968, os estudantes franceses revoltaram-se contra a
estrutura ultrapassada do ensino, tomando as ruas com barricadas que
ficariam universalmente conhecidas como "as barricadas do desejo".
Quando os policiais armados se dirigiam à Universidade de Sorbonne
ocupada , os estudantes simplesmente saíam das barricadas para lhes
oferecer uma flor. Os jovens foram extremamente eficazes na propagação
do movimento ,  provocando uma imensa greve operária que envolveu 9
milhões de trabalhadores e paralisou temporariamente a economia do
país inteiro. Os sindicatos arrancaram diversas vantagens do governo,
como a quarta semana de férias anuais obrigatórios para os
assalariados. Para os estudantes , além das questões políticas , havia
também a questão da libertação do corpo , a partir das idéias do
filósofo alemão Herbert Marcuse (considerado guru do movimento) , que
em seus livros "A Ideologia da Sociedade Industrial" e "Eros e
Civilização" defendia , em nome da liberdade , a opção por um
comportamento sexual sem culpa. Entre os slogans grafitados nos muros
de Paris , podiam-se ler : "Quando penso em revolução , quero fazer
amor", "É proibido proibir" (título posteriormente utilizado em uma
canção de Caetano Veloso) ; "Desabotoe-se o cérebro tantas vezes
quanto a braguilha"; "Amai-vos uns em cima dos outros"; "A
Inteligência caminha mais que o coração mas não vai tão longe"; "A
felicidade é o poder estudantil" ; " Se nossa situação nos arrasta
para a violência , é que a sociedade inteira nos violenta"; "Quem não
sorri é nosso inimigo ; a Revolução é uma coisa feliz"; "Sejam
realistas: peçam o impossível ". Foi um movimento mais capaz de
contestar do que de vencer , de imaginar do que de transformar , de se
exprimir do que de se organizar. Como afirma o historiador Eric
Hobsbawm, " a rebelião dos estudantes ocidentais foi uma revolução
cultural , uma rejeição de tudo o que , na sociedade , representasse
os valores paternos de classe média". Na luta nas universidades e
fábricas ocupadas , o que se defendia era " a imaginação no poder".

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