Em maio de 1968, os estudantes franceses
revoltaram-se contra a
estrutura ultrapassada do ensino, tomando as
ruas com barricadas que
ficariam universalmente conhecidas como "as
barricadas do desejo".
Quando os policiais armados se dirigiam à
Universidade de Sorbonne
ocupada , os estudantes simplesmente saíam das
barricadas para lhes
oferecer uma flor. Os jovens foram extremamente
eficazes na propagação
do movimento , provocando uma imensa greve
operária que envolveu 9
milhões de trabalhadores e paralisou temporariamente
a economia do
país inteiro. Os sindicatos arrancaram diversas
vantagens do governo,
como a quarta semana de férias anuais
obrigatórios para os
assalariados. Para os estudantes , além das
questões políticas , havia
também a questão da libertação do corpo , a
partir das idéias do
filósofo alemão Herbert Marcuse (considerado
guru do movimento) , que
em seus livros "A Ideologia da Sociedade
Industrial" e "Eros e
Civilização" defendia , em nome da
liberdade , a opção por um
comportamento sexual sem culpa. Entre os slogans
grafitados nos muros
de Paris , podiam-se ler : "Quando penso em
revolução , quero fazer
amor", "É proibido proibir"
(título posteriormente utilizado em uma
canção de Caetano Veloso) ; "Desabotoe-se o
cérebro tantas vezes
quanto a braguilha"; "Amai-vos uns em
cima dos outros"; "A
Inteligência caminha mais que o coração mas não
vai tão longe"; "A
felicidade é o poder estudantil" ; "
Se nossa situação nos arrasta
para a violência , é que a sociedade inteira nos
violenta"; "Quem não
sorri é nosso inimigo ; a Revolução é uma coisa
feliz"; "Sejam
realistas: peçam o impossível ". Foi um
movimento mais capaz de
contestar do que de vencer , de imaginar do que
de transformar , de se
exprimir do que de se organizar. Como afirma o
historiador Eric
Hobsbawm, " a rebelião dos estudantes
ocidentais foi uma revolução
cultural , uma rejeição de tudo o que , na
sociedade , representasse
os valores paternos de classe média". Na
luta nas universidades e
fábricas ocupadas , o que se defendia era "
a imaginação no poder".