As comunidades que habitam o Sahel , região que se estende ao sul do
deserto do Saara , na África , são as mais atingidas pelas tragédias
de subalimentação. A ajuda internacional , com doações de alimentos ,
evita uma mortandade ainda maior e ameniza o sofrimento dos povos
dessa região. Mas pouco tem sido feito para ajudar esses povos a
adquirir condições de garantir a sua própria sobrevivência. A ocupação
da África no século XIX, durante
a expansão imperialista europeia ,
provocou a substituição das culturas de subsistência , nas regiões com
solos mais férteis, pelas monoculturas de exportação, que permanecem
até os dias atuais. Esse modelo de ocupação imperialista levou à
concentração fundiária e impediu os cultivo de subsistência de
populações enormes, alastrando os problemas sociais ao extremo e
trazendo a fome para várias comunidades africanas. Na região saheliana
, também em virtude da prática de uma agricultura de subsistência
(itinerante , com utilização de queimadas que levam ao esgotamento
do solo), o drama da seca tem se intensificado desde a década de 1970.
Nos seus cerca de 5 milhões de km2 de superfície, a produção agrícola
tem sido muito reduzida e em várias áreas habitadas a
criação de
gado praticamente desapareceu , devido às frequentes secas e ao
processo de desertificação. O deslocamento da população é constante ,
na maioria das vezes sem destino , em busca de pastagens ou água. Nas
outras regiões africanas , nos países latino americanos e do sul da
Ásia a situação também é dramática. O grande obstáculo à adequação da
produção agrícola para a solução dos problemas alimentares , que
atingem grandes fatias da população alimentares , que atingem grandes
fatias da população , é o fato de que esses países não se livraram de
seu passado colonial. O modelo
agrícola de exportação ainda é
prioritário as políticas agrícolas desses países , em detrimento das
necessidades locais. Chá, cacau, café , algodão, borracha natural ,
amendoim , frutas tropicais etc. constituem a base da produção de
muitos países subdesenvolvidos que , de maneira geral , dependem da
importação dos cereais do mundo desenvolvido para alimentar a
população. O salto de produtividade , prometido pela Revolução Verde ,
no mundo subdesenvolvido limitou-se a alguns setores ligados à grande
agricultura e à pecuária comercial de exportação. Apenas no sudeste da
Ásia , as novas tecnologias introduzidas tiveram efeito amplamente
positivo , ao serem aplicadas à produção de arroz , alimento essencial
aos povos da região. Nos países
classificados pela ONU como em
desenvolvimento ou emergentes (caso do Brasil), a agricultura foi e
tem sido utilizada como geradoras das divisas necessárias às
importações de equipamentos e tecnologia para estimular o
desenvolvimento. Mas essa
política agrícola não estimulou ao mesmo
tempo, a produção de gêneros para o mercado interno, provocando a
elevação do preço dos principais produtos básicos de subsistência.
