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quarta-feira, 6 de junho de 2018

A Volta Dos Estudantes


"Pelas liberdades democráticas"; "Em defesa do ensino público e
gratuito"; "Anistia a todos os presos e exilados políticos"; "Pelo fim
da censura"; "Abaixo a ditadura". Em 1977, cabeludos , barbudos e
inconformados , jovens traziam novamente suas palavras de ordem para
as ruas em várias cidades do país. Uma nova geração de estudantes
retomava a prática política de contestação . Na memória , antigas
palavras de ordem , lembranças de líderes mortos e exilados , e
críticas à luta armada. A derrubada de ditadura deveria ser construída
a partir da aliança com todos os setores democráticos . A ação deveria
ser política , não militar. Nesse sentido , o MDB constituía o campo
estratégico privilegiado para essa aglutinação das forças
oposicionistas. Passeatas-relâmpago , greves nas universidades ,
cartas abertas à população e confrontos com a polícia. Apesar de
proibidas ,  manifestações cresciam a cada semana. Nas escolas e
universidades apareciam novas lideranças que comandavam os protestos e
disputavam a direção do movimento estudantil , dividindo em inúmeras
pequenas organizações. A essa altura , a maior parte dos jovens
brasileiros mantinha-se alheia aos questionamentos políticos. Formada
durante a ditadura , essa nova geração não desenvolveu uma cultura
própria e particular. Amortecia pela sociedade  de consumo e pelo
autoritarismo, ela nutria desprezo pela prática política. Filhos do
silêncio imposto pelo regime autoritário , muitos viram alguns e seus
professores "desaparecerem" das escolas e universidades. Livros ,
jornais , filmes e músicas que contestassem a ditadura ou o
imperialismo norte-americano eram artigos de luxo, especiarias
traficadas em segredo pelos pátios escolares. Para romper com a
massificação e a superficialidade dos anos 70, parte da juventude
retomou símbolos e reproduziu comportamentos dos jovens da década
anterior. Acreditava no socialismo , desfilava suas roupas hippies e
suas camisetas estampadas com o rosto de Che Guevara , ouvia Chico
Buarque , Caetano Veloso, Milton Nascimento , Edu Lobo e Vandré. Como
se o tempo tivesse parado , seus valores culturais eram ainda muito
semelhantes àqueles empossados pela geração dos anos 60. De certo
modo, não só acreditava naqueles que tinham mais de 30 anos como até
tentava imitar os seus gestos e palavras. No entanto, não pretendia
levar adiante a construção da sociedade socialista como vanguarda do
proletariado e do campesinato.

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