Outra discussão clássica no âmbito da filosofia da linguagem refere-se à relação entre as palavras e as coisas. Eis a questão : os nomes que damos às coisas são meras convenções - algo acordado , estipulado entre os membros de uma comunidade de forma arbitrária - ou são parte de uma suposta natureza eterna e essencial das coisas ? A primeira opção é chamada de convencionalista ; a segunda , de naturalista. Desde a Antiguidade , os gregos já debatiam essa questão. No diálogo "Crátilo", de Platão, um dos interlocutores , Hermógenes , defende a posição convencionalista , enquanto outro , Crátilo , apoia a naturalista. Pela boca de Sócrates , Platão parece tentar uma conciliação entre as duas teses, pois admite certos aspectos de cada uma. De um lado , concorda que a linguagem é uma criação humana e , nesse sentido , é convencional : a mesma coisa pode ser chamada por nomes diferentes nas diversas línguas. De outro lado , argumenta que , como existe uma ordem no mundo , há uma ordem nas coisas e a linguagem deve seguir essa ordem para melhor representar suas essências. Assim, mesmo variando de uma língua para outra , cada palavra deve representar a essência daquilo que nomeia : a palavra "mesa" deve corresponder ao que Platão considera a ideia essencial de mesa , existente no mundo das ideias . Durante a Idade Média , o debate sobre a relação entre as palavras e as coisas concentrou-se em um tipo específico de palavra: os universais , isto é , palavras que nomeiam conceitos gerais ou classes de seres , como "humanidade", "ave" , "rosa" (em um sentido genérico) etc. A discussão implícita era a seguinte : se captamos pelos sentidos coisas singulares , por que as expressamos com palavras universais ? Por exemplo : quando digo "Gosto mais de cão que de gato" , não estou falando de determinado cão ou gato , mas sim de cão e gato em um sentido geral , universal. Que relação existe , então, entre as coisas singulares e a forma universalizada com que as expressamos? Os universais existem na realidade ou apenas no pensamento? Surgiram duas posições antagônicas sobre a questão dos universais : a realista , que defendeu a tese de que os universais existem de fato , e a nominalista, que sustentou a tese contrária , ou seja , de que os universais não existiram em si mesmos , pois seriam apenas palavras sem uma existência real.