Divide o Estado em três classes : os governantes , o exército e o povo. Esta última classe (formada por artesãos , agricultores , comerciantes , profissionais liberais e escravos) não lhe merece e o menor respeito. Totalmente excluídos do governo , devem curvar-se às leis que lhes são impostas. Nem lhes cabe buscar consolo na religião dos antepassado. Criada pelo Estado , a religião comparece como poderoso instrumento de domínio bem como a literatura e as artes . Embora duramente reprimido , compete ao povo suprir o Estado da produção pastoril , agrícola e industrial. Aos incorporados no exército são negados quaisquer direitos privados. Não podem ser proprietários , não podem constituir família e o Estado controla as horas de lazer. A união sexual tem como finalidade única a procriação , sendo os casais e a data das conjunções determinadas pelo Estado por critérios políticos e de eugenia. A educação começa desde a infância e é , em todas as etapas , controlada pelo Estado para os interesses deste e não do indivíduo. Também o exército permanece excluído do governo. Velar pela segurança externa e interna e a sua única função . A admissão da mulher no exército e na educação , que poderia ser considerada um progresso , visa , contudo , aos exclusivos do Estado. A classe dos governantes é constituída pelos filósofos , recrutado entre os milatares , depois dos cinquenta anos. Únicos detentores da verdade , compete-lhes legislar autoritariamente o Estado sem vigilância de outra classe . Já que os conteúdos metafísicos aos quais devem adequar as leis lhe são minuciosamente prescritos , suspeitamos que já não lhes cabe o nome de filósofos a eles atribuídos. Se tomamos Sócrates como protótipo de filósofo , os governantes da República , presos a um sistema preconcebido e rígido , não se parecem nada com ele. Assemelham-se antes a sacerdotes de uma religião secreta, dogmaticamente elaborada pelo fundador.