A segunda geração do Modernismo brasileiro correspondeu a um estado adulto e amadurecido de nossa literatura moderna. Com relação à prosa , uma multiplicidade de tendências ganha espaço. Na maioria dos casos , trata-se de escritores que aproveitam a tradição de análise psicológica e social herdada do século XIX, alguns apresentando agudo enfoque metafísico e não menos agudo sendo dramático dos problemas humanos. A prosa cosmopolita de José Geraldo Vieira , a prosa de introspecção e de análise psicológica de Cornélia Pena , Otávio de Faria , Ciro dos Anjos , Lúcio Cardoso e Dionélio Machado , a prosa essencialmente modernista de João Alphonsus e Aníbal Machado , a prosa surrealista de Jorge de Lima e a prosa que recria o cotidiano , de Erico Verissimo , Constituem alguns dos exemplos mais significativos da variedade de vertentes de nossa produção romanesca , registrada a partir da década de 1930. Nesse panorama tão diversificado , destaca-se a prosa regionalista do Nordeste , conhecida com prosa neorrealista . Essa foi a tendência que alcançou maior repercussão e importância na época , por ter assumido uma visão crítica das relações sociais, focalizando os problemas da seca , do coronelismo e da decadência do modelo oligárquico patriarcal, com a extinção dos antigos engenhos açucareiros. Fortemente influenciada pelas ideias de Gilberto Freyre , autor do "Manifesto Regionalista" (1926) e de "Casa Grande £ Senzala" (1933) e grande mentor do grupo regionalista do Recife , que se formou em 1928 , essa geração redescobre o Brasil e contribui para sua universalização , vendo o regional de uma perspectiva política , predominantemente marxista , e assim fundando o Neorrealismo . Denominamos Neorrealismo o tipo de Realismo em que o caráter cientificista e determinista do Naturalismo do Século XIX é substituído por um enfoque político , de problemas regionais como a condição e os costumes do trabalhador rural , a seca , a miséria etc. Tais problemas , vistos na perspectiva da luta de classes , da operação do homem pelo homem que caracteriza a sociedade capitalista , ganham conotação universal e intemporal , saindo do pitoresco e do localismo tradicionais em nossa produção regionalista.