Iniciada em 1930 , com a publicação de
"Alguma Poesia", de Carlos Drummond de Andrade , e encerrada em 1945
, a segunda geração modernista incorpora as conquistas de 22. O verso livre , a
liberdade temática , a introdução do prosaico , do coloquial e do irônico no
contexto poético , o antiacademicismo e o engajamento do escritor nas questões
de seu tempo caracterizam tanto obras de Mário de Andrade , Oswald de Andrade e
Manuel Bandeira , principais representantes da primeira geração modernista ,
quanto obras dos poetas de 30 , como Carlos Drummond de Andrade e Murilo
Mendes. Os escritores da geração de 30,
fazendo uma ponte com os da geração de 22 , inserem as reivindicações e
conquistas destes no panorama literário geral, agora mais amadurecido em termos
de assimilação do Modernismo. Simultaneamente , revalorizam e conciliam
elementos da tradição com os novos tempo. Os gêneros literários (lírico , épico
, dramático ), as formas poéticas fixas , como o soneto , e também os estilos
tradicionais voltam a aparecer - por exemplo , no Neossimbolismo de Cecília
Meireles , no Neoparnasianismo de Jorge de Lima e no Neorromantismo de Vinicius
de Moraes , para falar de poesia. Quanto à prosa , surge o Neorrealismo
nordestino de Graciliano Ramos , Rachel de Queirós , Jorge Amado, José Lins do
Rego e José Américo de Almeida , que dá nova dimensões tanto ao estilo realista
quanto ao romance regionalista brasileiro. Outro traço da geração de 30 , na
poesia e na prosa , é a mudança de enfoque quanto à temática nacionalista de
22. A consciência da nacionalidade , que predominou na década de 1920 , a
partir de 1930 tende a ampliar-se e a tornar-se consciência social mais ampla ,
que situa as questões regionais e locais num contexto universalista. Poeta como Murilo Mendes , Jorge de Lima e
Carlos Drummond de Andrade são conscientes de que a problemática do mundo em
que vivemos é de natureza política. Portanto , está diretamente ligada ao
sistema capitalista, com suas desigualdades , suas contradições , seus
mecanismos de opressão e de desumanização , que a poesia e a arte precisam
denunciar. Vinicius de Moraes e Cecília Meireles , embora apresentem uma
produção lírica de caráter mais intimista , também demonstram essa consciência.
De maneira mais velada ou mais explícita , cada um com seus traços próprios ,
suas características e tendências específicas , os poetas dessa geração são
chamados poetas de cosmovisão, pois possuem aguda percepção do tempo em que
vivem e da necessidade de transformá-lo , pelos caminhos escolhidos por sua
sensibilidade poética. Em conclusão , a poesia da geração de 30 opõe-se ao
caráter radicalmente demolidor da produção literária da primeira geração
modernista , substituindo suas propostas de destruição da tradição por uma
perspectiva construtiva , que revaloriza o passado e , ao mesmo tempo, preserva
, aprofunda e amadurece as conquistas de 22. Além desse aspecto de conciliação
e construção, o universalismo é a grande característica da poesia desta nova
fase de nosso Modernismo , cujos poetas e obras principais estudaremos em
breve.