Aristóteles também retomou o problema da permanência e da mudança ( a clássica polêmica entre Heráclito e Parmênides) e realizou uma reviravolta : sem questiona o estatuto da mudança em si , procurou analisar a realidade que muda (o ser imbricado no não ser) , entendendo que o movimento existe e que não se encontra fora das coisas. Desse modo , observou que uma semente não é uma planta , assim como um livro não é uma planta. Mas a semente pode tornar-se uma árvores , enquanto o livro não pode. Isso quer dizer que, em todo ser, devemos distinguir :
¤ o ato - a manifestação atual do ser , aquilo que ele já é (por exemplo : a semente é , em ato, uma semente); ¤ a potência - as possibilidades do ser (capacidade de ser) , aquilo que ainda não é mas que pode vir a ser (por exemplo : a semente é , em potência , a árvore).
Conforme essa concepção, todas as coisas naturais são ato e potência , isto é , são algo e podem vir a ser algo distinto. Uma semente pode tornar-se uma árvore se encontrar as condições para isso , do mesmo modo que uma árvore que está sem flores pode tornar-se , com o tempo, uma árvore florida , manifestando em ato daquilo que já continha intrinsecamente como potência. Enfim , potência e ato explicam a mudança no mundo , o movimento e a transitoriedade das coisas. Relacionando essas dualidades de princípios dos seres - matéria : forma e potência : ato- , podemos observar um paralelismo entre matéria e potência e entre forma e ato : a matéria indeterminada é o ser em potência ; a forma é o ser em ato.