Além do desenvolvimento do pensamento científico , com implicações evidentes no campo filosófico , outras questões importantes desse período dizem respeito à essência humana , à moral e à política . Nesse âmbito destacam-se , por exemplo, o francês Michel de Montaigne (1523-1592) e o italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527). Montaigne desenvolveu um pensamento de funco ceticista , inspirado em parte no ceticismo da Antiguidade , mas também no epicurismo e no estoicismo. Ele afirmava não ser possível estabelecer os mesmos preceitos para todos os seres humanos , sendo necessário que cada um construa um conhecimento e uma consciência moral de acordo com as suas possibilidades e disposições individuais , mas tendo como regra geral, para alcançar a sabedoria , " o dizer sim à vida" . A educação, por exemplo , recomendava que todos os conteúdos fossem submetidos à reflexão do aluno . Nada deveria ser imposto ao estudante por simples autoridade da tradição. Todas as diversas doutrinas deveriam ser-lhe apresentadas , cabendo a cada um a decisão de qual é a melhor . E quando não pudesse decidir entre elas , que ficasse na dúvida , "pois só os loucos têm certeza absoluta em sua opinião" (Montaigne , Ensaios, p. 78). Maquiavel iniciou uma nova fase do pensamento político ao abandonar o enfoque ético e religioso e procurar uma abordagem mais realista da política. Ou seja , buscou descrever o fenômeno político em si mesmo, de modo autônomo . O centro de suas reflexões é o exercício do poder político pelo Estado. Em seu livro mais célebre , O Príncipe , o filósofo desenvolve um realismo político em que busca identificar as causas do sucesso e do fracasso na manutenção do poder pelo governante . Nessa análise, desvincula as razões política das razões morais. De forma geral , as considerações acerca do poder político em Maquiavel estão ligadas a uma visão pessimista do ser humano. Para ele :
"A propensão para o bem , para a construção da boa sociedade , não está inscrita na natureza humana. Esta , ao contrário , é má , fazendo-se necessária a existência do Estado para coibir os maus instintos do homem . Isto , para Maquiavel , deve ser levado em conta por todo aquele que está no exercício do poder. (Gomes , Ética , Política e Poder em Maquiavel , revista Síntese, v. 20 , n. 60, p. 80).
Assim , o recurso à força para conter a maldade humana faz parte da lógica o poder político.