A posse da terra passava a definir as diferenças entre os grupos sociais no período medieval . No topo da sociedade figuravam os clérigos e os nobres, senhores dos domínios que cobriam o território europeu durante o período. A ambos cabia a direção da sociedade. Os clérigos eram os portadores da tradição cristã e deviam zelar pela manutenção de seus princípios no seio da comunidade europeia. Deviam combater o mal e os pecados com as armas da doutrina religiosa. Os nobres possuíam a direção militar da sociedade medieval. Empunhavam suas armas contra os inimigos da fé cristã e os agressores externos. Muitas vezes , no entanto , nobres cristãos lutavam entre si em defesa da honra - ultrajada pela quebra de algum acordo ou pela ofensa moral a alguma dama - ou pelo desejo de mais terras e riquezas. A direção religiosa exercida pelos clérigos e a função guerreira dos nobres eram sustentadas pela posse de terras e pela atividade agrícola a cargo dos trabalhadores. A Igreja era a maior proprietária de terras no período e seu patrimônio não cessava de crescer. Seus domínios não eram divididos em herança. Ao contrário, os nobres comumente deixavam parte de seus bens (em geral porções de terra) para a Igreja em testamentos , procurando , com a caridade , a salvação de suas almas. Já a nobreza precisava de recursos para a aquisição de suas armas (espadas , escudos , armaduras , etc.) e cavalos. Terras e camponeses eram indispensáveis para a vida desses guerreiros . Quanto maior fosse a capacidade militar de um nobre , tanto maior sua possibilidade de conquistar mais domínios. A guerra constituía , portanto, uma forma regular de atividade econômica no feudalismo. Em função disso, desenvolveram-se no interior da nobreza relações de subordinação pessoal e compromissos militares recíprocos. Desde o século IX , através de um acordo denominado contrato feudo-vassálico , nobres poderosos cediam a outros , em troca de auxílio militar , alguns benefícios , em geral terras , para que estes pudessem garantir seu sustento e sua condição social. O nobre que cedia o bem passava a ser designado por suserano. Aquele que recebia o feudo e obrigava-se a prestar auxílio militar a seu suserano chamava-se vassalo. Abaixo dessas duas ordens sociais , a dos sacerdotes e dos guerreiros , figuravam os trabalhadores (servos , artesãos , pequenos camponeses e comerciantes) , social e politicamente submetidos aos detentores de terras. Formavam a imensa maioria da população e eram encarregados de todas as atividades manuais necessárias à sua sobrevivência e ao sustento da nobreza e do clero. O controle da fé e o controle das armas garantiam à nobreza e ao clero o poder sobre os demais grupos sociais do período. A divisão social (clero, nobreza e trabalhadores) e suas respectivas funções (oração, guerra e trabalho) eram justificadas como um ordenamento sagrado esclarecido a toda a sociedade por aqueles que se definiam como os intermediários entre Deus e os homens : o clero. Os trabalhadores deviam obediência a seus senhores guerreiros. Ambos deveriam estar subordinados à vontade de Deus transmitida pela Igreja.