A Grã-Bretanha , pioneira na Revolução Industrial , tinha pouco mais de 5 milhões de habitantes por volta de 1750. A partir daí, o processo de crescimento populacional foi rápido. Em 1840 havia atingido mais de 10 milhões de habitantes. Meio século depois passou a marca dos 20 milhões. Essa tendência generalizou-se nos demais países europeus que acompanharam a primeira fase da Revolução Industrial. Foi justamente a partir da observação da etapa inicial desse processo que surgiu a primeira e mais polêmica teoria sobre o crescimento populacional. Em 1798 , Thomas Robert Malthus , um pastor protestante , escreveu a obra "Ensaio Sobre o Princípio da População". Malthus acreditava que a população tinha um potencial de crescimento ilimitado enquanto a natureza tem recursos limitados para alimentar a crescente população. Afirmava que as populações humanas cresciam em progressão geométrica (2, 4 , 16 , 32...) , enquanto a produção de alimentos crescia em progressão aritmética (2,4,6,8,10...). Colocava-se assim a fatalidade de a humanidade ter que conviver no futuro com subnutrição , fome , doenças , epidemias , infanticídio, guerras por disputas de terras para ampliar a produção de alimentos e , consequentemente , com a desestruturação de toda a vida social. Para evitar a tragédia anunciada , Malthus defendia o "controle moral". Descartava a utilização de métodos contraceptivos para limitar o crescimento populacional , conforme a sua formação religiosa . Do ponto de vista prático, pregava uma série de normas de conduta que incluíam a abstinência sexual e o adiamento dos casamentos , que ó deveriam ser permitidos mediante capacidade comprovada de renda para sustentar a provável prole. É evidente que tais normas atingiam apenas os pobres , que Malthus considerava os grandes responsáveis pela própria pobreza , devido à tendência de se casarem cedo e se reproduzirem em excesso. A principal refutação às idéias malthusianas foi elaborada por Karl Marx , para quem o grande responsável pela fome e pela carência da população era o sistema capitalista. As injustiças sociais e a má distribuição de riquezas entre as classes sociais seriam os verdadeiros responsáveis pela fome e pela miséria. Argumentava que os empresários capitalistas mantinham estrategicamente certo número de desempregados (Exército Industrial de Reserva) para manter baixos os salários , e que manipulavam esses desempregados de acordo com as necessidades do mercado de trabalho. Para Marx , Malthus subestimava a capacidade da tecnologia em elevar a quantidade de alimentos produzidos no mundo. De fato, a validade desse argumento foi comprovada pela própria história. A fome , que condena quase 1 bilhão de seres humanos nos dias atuais , não se deve à incapacidade de produção de alimentos e sim à má distribuição dos alimentos produzidos , devido às desigualdades sociais e econômicas.