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terça-feira, 21 de maio de 2019

O Aumento Da Mobilização E A Instabilidade Democrática



A intensificação da industrialização trouxe um aumento dos setores urbanos. o operariado e as camadas médias, ligadas ao trabalho burocrático, ao comércio, etc. , pressionavam por uma maior participação política. Durante a década de 1960, a mobilização social mais intensa fez com que setores conservadores questionassem a viabilidade da manutenção de um regime de liberdade de pensamento e expressão, com direito a manifestações públicas. No maniqueísta contexto da Guerra fria, qualquer possibilidade de ampliação da participação das camadas populares no processo político podia ser considerada uma ameaça de expansão do comunismo. Nas eleições de 1960, aliança PSD-PTB lançou general Henrique Teixeira Lott como candidato à presidência. De pouco apelo popular e representando a continuidade da administração anterior, que deixou uma crise econômica, com a inflação e o aumento do custo de vida, lote foi derrotado pelo candidato apoiado pela UDN, Jânio Quadros (1917-1992). Líder carismático, com apelo moralista, utilizou símbolo da vassoura em sua campanha. Com discursos exagerados e exacerbados, comprometia-se a varrer a corrupção do país. As promessas de austeridade pública atraíram voto da população. Para a vice-presidência, venceu candidato do PTB,  João Goulart. O PSD e o PTB , porém , dominavam Congresso. Desde o início, Jânio governou de forma autoritária e personalista, atraindo a oposição parlamentar. Tentou sanear e moralizar o serviço público com demissões e a imposição de horários rígidos. Internamente, adotou uma política conservadora e promoveu um arroxo geral de salarial e créditos. ficou célebre também sua intervenção em assuntos considerados menos importantes, como a proibição das brigas de galo e do uso de biquínis e lança-perfume. sua tentativa de conter a crise econômica com a estabilização monetária, todavia, Não surtiu efeito rápido, o que gerou insatisfação popular. externamente, Jânio tentou adotar uma postura independente, reatando relações com a URSS a China comunista e os países do leste europeu. Ao promover a condecoração do guerrilheiro Ernesto Che Guevara (1928-1967), gerou grande indignação entre os membros da UDN, os militares anti-comunistas e, obviamente, no governo de Washington. Em pouco tempo de governo, Jânio ficou sem base de apoio no congresso e fora dele. nesse contexto, em 24 de agosto de 1961, Carlos Lacerda, denunciou, pelo rádio, uma tentativa de golpe do presidente contra o Congresso Nacional . No dia seguinte, Jânio renunciou, alegando que forças terríveis o impulsionaram para tal. Mais uma vez, um ato desesperado pôs fim a um mandato presidencial. O Congresso acatou prontamente a renúncia de Jânio, dando início a uma grande instabilidade política. Parte das forças armadas E os políticos o Denis se opuseram à posse do vice-presidente, João Goulart, por alegar que ele representava uma ameaça comunista. Contra essa corrente, surgiu a Frente Legalista, em cabeçada pelo governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola (1922-2004), que defendeu a posse de jango, com apoio dos estudantes e sindicatos. A solução para o impasse foi a instituição do parlamentarismo no Brasil. Assim, Jango pode assumir, mas com poderes limitados. O parlamentarismo, estabelecido em 1961, no entanto, revelou-se instável e precário e, em 1963, depois de um plebiscito, a imensa maioria da população decidiu pela volta do presidencialismo. Uma vitória para Goulart. O retorno do presidencialismo ocorreu em um ambiente de grande agitação. Ainstabilidade econômica de correia da crescente inflação e do pouco crescimento econômico. Nesse cenário conturbado, o governo defendia a necessidade reformas de bases, com intuito de reduzir as profundas desigualdades sociais. Estavam previstas, entre outras, uma reforma educacional, com uma grande mobilização para a erradicação do analfabetismo; uma reforma universitária, com a ampliação do número de vagas no ensino superior; e uma reforma eleitoral para uma extensão do voto aos analfabetos. do amplo programa de reformas, agrária era a que deixava setores conservadores mais amedrontados. 
De fato, a industrialização do país, até então, não havia tocado na estrutura da posse da terra e do trabalho no meio rural, onde predominavam o coronelismo e o latifúndio. Os trabalhadores rurais não tinham direito aos benefícios gerados pela legislação trabalhista. Já em meados da década de 1950, as ligas camponesas na região Nordeste com apoio de parte da Igreja Católica, representada na figura de D. Hélder Câmara (1909-1999) , passaram a lutar pelos direitos civis dos camponeses. No Congresso, o deputado Francisco Julião (1915-1999) canalizava as reivindicações por uma ampla reforma agrária. Em massa de 1963, o estatuto do trabalhador rural e estendeu alguns direitos dos trabalhadores urbanos aos do campo. No espaço urbano, uma ampla mobilização de sindicatos e estudantes anunciava a radicalização dos movimentos sociais. Uma onda geral de greves fazia a pressão para que as promessas de reforma a fossem implementadas. Por outro lado, o medo do comunismo crescia entre os líderes da ONU e do PSD, a o oligarquia que a rural, os militares e os empresários nacionais e estrangeiros. Organizado entorno do Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD) , parte desse grupo articulou a desestabilização do governo Goulart . por meio de intensa propaganda nos jornais, no rádio e na televisão, alardeava se o fantasma da revolução comunista, alegando-se que esta iria abolir todas as propriedades e destruir a religião. O receio era ainda maior entre a classe média. pressionado por todos os lados e sob ameaça constante, Goulart resolveu levar adiante seu programa de reformas, ainda que sem apoio no Congresso. Em 13 de março de 1964, reuniu, em um grande comício no Rio de Janeiro, as forças que o apoiavam. Nessa ocasião, assinou um decreto desapropriando  terras para a reforma agrária e atacou  os monopólios nacionais e internacionais. Em discurso inflamado, Leonel Brizola pediu a Convocação de uma Assembleia Constituinte, com a destituição do atual Congresso. Era a gota-d'água. Os militares começaram a planejar, de maneira mais concreta, a deposição do presidente. Milhares de pessoas saíram às ruas de São Paulo na Marcha da Família com Deus Pela Liberdade ,  pedindo a renúncia do presidente. Em nome da fé e da propriedade privada, foram realizadas passeatas em outras capitais. Finalmente, em 31 de março, um movimento iniciado em Minas Gerais, que unia  forças  civis e militares e contava com o apoio logístico da embaixada norte-americana, tomou o poder. Jango não ofereceu resistência, viajando para o Rio Grande do Sul e, depois, exilando-se no Uruguai. A maior parte da Imprensa, a hierarquia Católica e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo saudaram o golpe. Na comemoração, o prédio da União Nacional dos Estudantes (UNE) foi incendiado e os jornais favoráveis à Goulart foram depredados. No dia 2 de Abril, cerca de 500 mil pessoas foram às ruas comemorar, agora, com a marcha da Vitória Com Deus pela Liberdade.

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