Para Russell , grande parte dos problemas filosóficos dissolvem-se em falsos problemas quando enfrentamos os equívocos , as ambiguidades e as imprecisões da linguagem cotidiana. O problema fundamental consistiria em investigar , em termos lógicos, as proposições linguísticas para saber o que estamos realmente falando quando questionamos ou afirmamos isto ou aquilo. A filosofia analítica promoveria uma espécie de "terapia linguística", desmontando as armadilhas ocultas da linguagem . Vejamos como Russell ilustra esse método analítico com um exemplo , embora ressalve que não aceita este argumento em particular:
" Acontece com freqüência de alguém se perguntar quando tudo iniciou . O que deu partida ao mundo , de que inicio adquiriu o seu curso? Em vez de darmos uma resposta, examinemos primeiro a formulação da pergunta . A palavra centra, na pergunta , é inicio . Como se emprega essa palavra no discurso corrente? Para responder a esta indagação secundária , precisamos examinar o tipo de situação em que ordinariamente usamos essa palavra. Talvez pudéssemos pensar num concerto sinfônico e dizer que o seu inicio será às oito horas. Antes do inicio , poderíamos jantar na cidade , e depois do concerto voltar para casa. O importante é observar que faz sentido perguntar o que aconteceu antes do inicio e o que acontece no tempo. Se retomarmos agora a questão filosófica fica claro que , neste caso, empregamos a palavra início de modo completamente diferente , porque não se pretende que jamais perguntássemos o que aconteceu antes do início de todas as coisas . Na verdade , explicando assim , podemos ver o que há de errado com a pergunta. Perguntar por um início sem nada que o preceda , é como perguntar por um quadrado redondo. Depois de compreendermos isso, deixaremos de fazer essa pergunta, porque compreenderem os que não tem sentido. "
(Historia do pensamento ocidental, p. 494-495.)