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sexta-feira, 31 de maio de 2019

A Conquista Da Liberdade


O número de escravos aumentou no Brasil até meados do século XIX. Após 1850, com o fim  do tráfico negreiro , do sistema escravista entrou em crise. O preço cativos  tendia e subir . Os cafeicultores passaram a comprá-los das províncias do norte de muitos engenhos falidos e dos núcleos urbanos . Nesse período , especialmente nas  capitais das províncias, surgiram os primeiros movimentos abolicionistas . A escravidão era uma realidade que se contrapunha aos ideais de civilidade , tão caros às elites do Império. Em 1867 , durante a "Fala do Trono" , o Imperador defendeu a proposta conservador da abolição  lenta e gradual . Três anos depois , com o fim das guerras de Secessão, no Estados Unidos , e do Paraguai , o movimento  abolicionista ganhou um novo impulso. Em 1871, após uma grande batalha parlamentar , foi aprovada a Lei do ventre Livre. Esta garantia  liberdade aos novos senhores  pela criação das crianças até os oito anos . Essa compensação poderia ser paga com o trabalho das próprias crianças até os 21 anos , postergando , assim  a liberdade dos cativos. Por outro lado , com a lei , decretou-se que não nasceriam mais escravos no Brasil . Ela também serviu de base para futuras ações judiciais de liberdade e para o aumento das pressões por novas alforrias. No anos 1880 , o abolicionismo representava  um amplo movimento social , com clube , jornais e comícios , onde atuavam lideranças políticas ,  jornalistas e advogados. Muitos negros e mestiços , como Francisco de Paula Brito , Luiz Gama , André Rebouças e José do Patrício , faziam parte da elite intelectual e das lutas abolicionistas.  Nessa época , a legitimidade da propriedade escrava passou a ser intensamente questionada por grande parte da sociedade . Surgiram associações que ajudavam  os escravos a fugir das senzalas. Em um amplo movimento de desobediência civil , ocorreram  fugas em massa por quase toda a Região Sudeste. Assim, aos poucos , a escravidão foi perdendo sua legitimidade . Entre 1883 e 1884 , as províncias o Ceará e Amazonas aboliram o cativeiro em seus domínios. No ano seguinte , foi promulgada a Lei dos Sexagenários , garantindo liberdade aos cativos maiores de 60 anos. Apesar de essa lei não ter surtido grandes efeitos , ficava que a escravidão estava com seus dias contados.  Mas foi somente em 1888 , quando as fugas de escravos chegavam a ameaçar a própria safra cafeeira , que a princesa Isabel , na ausência de seu pai , assinou a Lei Áurea , decretando o fim da escravidão no Brasil . Para uma minoria que ainda era mantida em cativeiro , tratava-se da conquista da "liberdade, ainda que tardia". A Lei Áurea foi aprovada sem prever indenização aos senhores nem medidas de reparação aos ex-escravos . Sem acesso á terra  e aos demais bens de produção , a condição social  dos ex-cativos fez com que a hierarquização racial e os preconceitos da sociedade permanecessem por muito tempo. Mesmo assim, é preciso reconhecer que essa foi a primeira vez em que se instituiu formalmente e igualdade civil de todos os brasileiros.


Momento Histórico do Barroco Em Portugal


¤Portugal Nos Séculos XVII e XVIII

Depois de um breve momento de esplendor , Portugal entra em acelerada decadência. Em 1580, após dois anos de disputadas pela sucessão  de D. Sebastião , desaparecido na Batalha de Alcácer Quibir, o rei da Espanha, Filipe II, realiza a integração de Portugal ao império espanhol. Durante os sessenta anos seguintes assiste-se ao declínio comercial e naval do Reino, apesar das significativas exportações do açúcar brasileiro . Portugal chega  perder para Holanda muitas de suas colônias orientais e até parte do território brasileiro. A maior expressão do desalento do povo português é o surgimento do mito sebastianista , segundo o qual D. Sebastião voltaria para redimir Portugal. O mito sobreviveria por muito tempo, como expressão do anseio popular pelo aparecimento de um redentor. A Restauração da Coroa e da independência portuguesa só se inicia em 1640, com o conflito militar que levou ao trono o primeiro rei da dinastia de Bragança . D. João IV. Com a descoberta do ouro em Minas Gerais , no final do século XVII, Portugal vive um novo período de riqueza , esbanjada , durante o longo reinado de D. João V (1707-1750 ), no luxo da corte , na suntuosidade religiosa e na construção de palácios e templos monumentais. Espanha e Portugal tornaram-se , do final do século XVI até meados do século XVIII, os baluartes da Contra-Reforma , o que explica , em parte , a longa vigência do estilo barroco nos dois países. Como sabemos , houve uma lenta evolução do Renascimento para o Barroco , transitando pelo Maneirismo . Por isso , o ano de 1580, quando Portugal se submeteu ao domínio espanhol , é o marco apenas convencional do início da nova escola.  O Barroco português nunca atingiu o mesmo brilho e a mesma riqueza do Barroco espanhol , apesar de ter sido diretamente influenciado por ele . Predominam , em prosa , os escritos morais , doutrinais e religiosos , destacando-se os sermões; em poesia , as produções das academias.


Bioluminescência : A luz Emitida Pelos Vaga-Lumes e Saiba O Sobre O Modelo de Subníveis De Energia


Alguns seres vivos possuem um interessante mecanismo em seu organismo : reações químicas utilizam a energia (proveniente dos alimentos) para excitar elétrons de átomos de determinadas moléculas. Quando os elétrons voltam ao estado fundamental, há emissão de luz. Esse fenômeno é chamado de bioluminescência. O caso mais conhecido de bioluminescência é o dos vaga-lumes (ou pirilampos). Há evidências de que eles utilizam os sinais luminosos para se comunicar com os parceiros do sexo oposto. A emissão de luz tem , portanto, finalidade relacionada ao acasalamento dos vaga-lumes. Há outras espécies de seres vivos por exemplo, alguns fungos , vermes e cnidários , que também apresentam bioluminescência. Porém, os cientistas ainda não esclareceram, em muitos casos , qual o papel que ela desempenha na vida desses organismos. ¤ Imagine que você deseja medir a temperatura da água de uma piscina. Para isso basta usar um termômetro ; se desejarmos medir a temperatura de um copo com água , procederemos da mesma forma. Contudo, suponhamos que você queira medir a temperatura de uma minúscula gota de orvalho que encontrou , pela manhã, sobre o piso. Nesse caso, o uso do termômetro apresenta um indesejável problema. A gota é tão pequena , em relação a ele , que se ela estiver mais fria que o termômetro esquentará ao tomar contato com ele ; caso esteja mais quente o contato com o termômetro a resfriará. De qualquer forma , percebemos que o instrumento utilizado para fazer essa medida afeta o valor da grandeza que desejamos medir. Isso também ocorre ao medirmos a  temperatura da piscina ou do copo de água, porém a influência do termômetro é absolutamente desprezível nesses casos. O ato de medir afeta a grandeza medida. E isso se torna tanto mais acentuado quanto menor é o objeto da medida. Algo semelhante acontece se desejamos enxergar os elétrons em um átomo. Como já sabemos , a própria luz interage com eles , o que afeta sua posição e sua energia. Assim, é impossível ter absoluta certeza da posição de um elétron em um átomo. Torna-se sem sentido tentar dizer qual é a trajetória dos elétrons. Portanto a ideia de trajetórias circulares de Borh não pode ser comprovada. Em 1927, o físico Werner Heisenberg conseguiu elaborar matematicamente ( e com muito mais profundidade) as idéias que acabamos de descrever , que passaram a ser conhecidas como Princípio da Incerteza de Heisenberg. Uma vez que tentar enxergar o elétron com absoluta nitidez é extremamente improvável , para não dizer impossível, a pesquisa sobre o átomo vem-se concentrando , desde que Heisenberg elaborou o seu princípio, em estudar evidências indiretas.  É o caso dos espectros atômicos, que fornecem preciosas informações, como, por exemplo, a energia dos diferentes níveis da eletrosfera. Assim, é importante salientar que o elétron é mais bem caracterizado por sua energia do que por sua posição, velocidade ou trajetória.

A Descrição E Os Cinco Sentidos


A descrição é um processo de caracterização que requer sensibilidade de quem descreve , para sensibilizar quem lê o texto descritivo. Por isso dizemos que este trabalho baseia-se na percepção, nos cinco sentidos :

Visão - Tato - Audição - Paladar - Olfato

Vamos imaginar um exemplo : você vai descrever uma rua. Pode ser a rua em que você mora , ou alguma de sua história cotidiana. Por meio da visão, como você percebe a rua? Como é a sua forma? E as cores? E as casas que, formas e cores têm ? Você também pode perceber e caracterizar a rua utilizando outros sentidos . Por exemplo : os sons da rua - ela é silenciosa ou ruidosa? Que tipo de ruídos a caracteriza? Você pode também pôr o mão no chão da rua, nas árvores , nas paredes (se houver) e dizer se tais superfícies são ásperas , lisas , quentes , frias etc. Aí você estará descrevendo a rua por meio do tato.  Além disso, sua pele pode sentir a temperatura da rua , o movimento do ar etc.  Como você vê , quando fazemos nossas descrições e também quando lemos ou ouvimos descrições feitas por outras pessoas , nossa capacidade de perceber vai , pouco a pouco , ficando mais apurada mais aperfeiçoada. Descrever é uma atividade que educa e desenvolve os nossos sentidos , a nossa sensibilidade. Praticar a descrição faz com que nosso corpo fique mais sensível, mais "percebedor" , e nossa expressão, mais apurada.

Ligações Químicas Interatômicas


Sabemos que a fórmula química de uma substância nos diz quais são os elementos químicos que a compõem e também nos informa sobre a quantidade relativa de átomos de cada elemento presente. Assim, por exemplo, ao escrever a fórmula da água como H20 pretende-se dizer que a água é formada pelo elementos hidrogênio (símbolo: H) e oxigênio (simbolo : O) . Além disso, a fórmula H2O expressa que em cada molécula da substância água estão presente dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio. Por meio de interessantes (e , ás vezes, complexas) experiências, os químicos puderam , desde o século XIX , descobrir a fórmula de muitas substâncias. Se apanharmos uma amostra de água do mar e a deixarmos em repouso por alguns dias , notaremos que , à medida de que a água for evaporando, um sólido branco irá se depositando no fundo do recipiente.  Uma análise desse depósito revela que ele contém várias substâncias, sendo as mais significativas representadas por NaCL  MGCL2 , KCL , KBR , MgSO4 , CaSO4 e CaCO3. Uma análise do ar atmosférico indica que ele contém uma variedade de substâncias diferentes , representadas pelas fórmulas N2 , 02 , CO2 , H2O, CO, SO2 , SO3 , NO2, He, Ne, Ar, Kr, Xe , Rn. Como você pode perceber , no ar e na água do mar estão presentes diversas substâncias, cada qual com uma composição química característica. Será possível fazer previsões sobre a fórmula das moléculas de uma substância formada quando átomos de diferentes elementos se unem entre si ? Em muitos casos essas previsões são possíveis, e este é o assunto que abordaremos brevemente. Vamos entender o modo pelo qual os átomos se unem e como isso influencia as propriedades dos materiais.

A Estrutura Social e as Desigualdades


Podemos observar os sinais das desigualdades sociais em todos os lugares , todos os dias. Basta ir às ruas para notar as diferenças entre as condições de vida das pessoas e verificar que um pequeno número delas desfruta de muitos privilégios. Essas diferenças aparecem , de imediato, em elementos materiais , como a moradia , as roupas, os meios de locomoção. Mas elas também se manifestam no acesso à educação e aos bens culturais, os chamados bens simbólicos. Normalmente , as desigualdades se evidenciam no dia a dia pelos contrastes entre a riqueza e a pobreza, que podemos constatar com nossos próprios olhos ou mediante as estatísticas e os meios de comunicação. Por que existem as desigualdades sociais? QUAIS SÃO As formas de desigualdade existentes? Como elas se constituíram e como são explicadas? Nesta unidade, vamos refletir sobre essas questões , focalizando as diversas formas de desigualdade que se configuraram em diferentes tempos e lugares, inclusive no Brasil.


Modelo Atômico De Rutherford


Ernest Rutherford , cientista nascido na Nova Zelândia , realizou em 1911 um experimento que conseguiu descartar de vez o modelo atômico de esfera rígida.  O raciocínio de Rutherford foi extremamente simples. Imagine que alguém atirasse com uma metralhadora em um caixote de madeira fechado cujo conteúdo é desconhecido. Se as balas ricocheteassem , não atravessando o caixote , concluiríamos que dentro dele deveria haver algum material com concreto ou ferro maciço. Mas , se as balas o atravessassem , chegaríamos à conclusão de que ele deveria estar vazio ou então conter materiais leves , como isopor , serragem ou similares. Porém , se parte das balas passasse a parte ricocheteasse , concluiríamos que materiais dos dois tipos deveriam estar presentes dentro do caixote. Quando mais balas o atravessassem , menos material pesado deveria existir em seu interior. É obvio que para descobrir o que há dentro de um caixote será mais sensato abrí-lo em vez de atirar nele . Por outro lado, com o átomo não acontece o mesmo, já que não é possível enxergá-lo. Nesse caso , faz sentido "atirar" nele para tentar descobrir algo sobre sua estrutura interna. Rutheford atirou numa finíssima folha de ouro , cuja espessura se estima em torno de trezentos ou trezentos e cinquenta átomos , o que corresponde a cerca de 0,00001 cm! A "metralhadora" usada por ele lançava pequenas partículas portadoras de carga elétrica positiva , chamadas de partículas alfa.  Para saber se essas "balas" atravessavam ou ricocheteavam , ele usou uma tela feita com um material apropriado (fluorescente) que emite uma luminosidade instantânea quando atingida por uma partícula alfa. A experiência mostrou que a grande maioria das partículas alfa atravessava a folha. Apenas algumas poucas eram desviadas ou ricocheteavam . Assim, os átomos não poderiam ser maciços , pois parte das partículas alfa conseguiu atravessá-los. Isso permitiu a Rutherford concluir que:

¤ O átomo não é maciço , apresentado mais espaço vazio do que preenchido;

¤ A maior parte da massa do átomo se encontra em uma pequena região central (que chamaremos de núcleo) dotada de carga positiva , onde estão os prótons;

¤ Na região ao redor do núcleo (que chamaremos de eletrosfera) estão  os elétrons , muito mais leves (1,836 vezes) que os prótons; ¤ A contagem do número de partículas que atravessavam e que ricocheteavam permitiu fazer uma estimativa de que o raio de um átomo de ouro (núcleo e eletrosfera) é cerca de dez mil vezes maior que o raio do núcleo.

Introdução Ao Estudo Da Sintaxe - Sujeito e Predicado


Quando nos comunicamos por meio da fala ou da escrita , fazemos uso de duas habilidades básicas , relativamente à linguagem : nossa capacidade de selecionar , entre as palavras do idioma , as que nos interessam naquele momento e , ao mesmo tempo, a de combinar adequadamente entre si as palavras selecionadas.

"Quando non terra salzicha Sadia , me dar um bruto zaudate do Alemanha..."

No texto acima, desconsiderando as alterações ortográficas (que procuram reproduzir o "sotaque" de um imigrante alemão) , pode-se observar que essa pessoa domina certos mecanismos de seleção e de combinação existentes em português , mas não domina outros. Note que essa pessoa seleciona algumas palavras dentre as existentes em português , ordenando-as em uma sequência válida (compare , por exemplo, com : " Não quando Sadia salsicha ter...").  Além disso , o falante estabelece adequadamente , entre as palavras escolhidas , as necessárias relações de complementação de sentido : ter "alguma coisa" (Salsicha Sadia), dar " em alguém" (me)  "alguma coisa" (saudade); saudade " de alguma coisa" (da Alemenha). Em outros aspectos , no entanto , a fala desse imigrante apresenta divergências em relação ao português . Veja :

¤A escolha da conjugação quando requer a flexão do verbo ter : quando não tem;

¤O verbo dar precisa ser flexionado : me dá;

¤O artigo e o adjetivo têm que concordar com o substantivo saudade : uma bruta saudade;

¤O artigo deve concordar com o substantivo Alemanha : da Alemanha.

Feitas essas alterações , o enunciado estaria então adequado às regras de sintaxe língua portuguesa.

Manuel Antônio de Almeida (1831-1861)


Considerado uma "voz de exceção" em nosso Romantismo, pela originalidade da obra que criou , Manuel Antônio de Almeida publicou "Memórias de Um Sargento de Milícias" entre 1853 e 1853 , em forma de folhetim , no suplemento "A Pacotilha", do Jornal do Comércio , sob o pseudônimo de "Um Brasileiro". Esta obra contrasta com os romances românticos de sua época, por várias razões . Primeiro, por ter como protagonista um herói malandro ou um "anti-herói" , na opinião de alguns críticos. Suas virtudes compensam seus pecados. Situa-se , portanto, fora das categorias maniqueístas (heróis X vilões) com as quais são criadas as personagens do Romantismo . Além de se distanciarem do maniqueísmo romântico, as personagens de Manuel Antônio de Almeida distanciam-se também do modelo europeizado característico desse estilo literário em nosso país , mesmo quando inseridas num projeto nacionalista , como o de José de Alencar.  Segundo , pelo tipo especial de nacionalismo que a caracteriza , ao documentar traços específicos da sociedade brasileira do tempo do rei D. João VI , com os costumes , os comportamentos e os tipos sociais de um estrato médio da sociedade , até então ignorado pela literatura. Terceiro, pelo tom de crônica que dá leveza e aproxima da fala a sua linguagem direta , coloquial , irônica e próxima do estilo jornalístico . O despojamento , a precisão , a coloquialidade, as marcas de oralidade e o constante tom de crônica de jornal constituem algumas características que afastam a linguagem de "Memórias de Um Sargento de Milícias" do idealismo às vezes açucarado do estilo romântico. Em vez dele , a obra combina constantemente ironia e espírito crítico , bom humor e registro jocoso de costumes populares incluindo o linguajar da época.  Nesse sentido , podemos inseri-la no quadro da construção de uma literatura brasileira moderna , já que o Modernismo pregaria , setenta anos depois , a aproximação entre a literatura e a vida de várias formas , inclusive incorporando-se ao texto a linguagem popular, coloquial, do dia-a-dia.


A Prosa Neorrealista no Brasil


A segunda geração do Modernismo brasileiro correspondeu a um estado adulto e amadurecido de nossa literatura moderna. Com relação à prosa , uma multiplicidade de tendências  ganha espaço. Na maioria dos casos , trata-se de escritores que aproveitam a tradição de análise psicológica e social herdada do século XIX, alguns apresentando agudo enfoque metafísico e não menos agudo sendo dramático dos problemas humanos.  A prosa cosmopolita de José Geraldo Vieira , a prosa de introspecção e de análise psicológica de Cornélia Pena , Otávio de Faria , Ciro dos Anjos , Lúcio Cardoso e Dionélio Machado , a prosa essencialmente modernista de João Alphonsus e Aníbal Machado , a prosa surrealista de Jorge de Lima  e a prosa que recria o cotidiano , de Erico Verissimo , Constituem alguns dos exemplos mais significativos  da variedade de vertentes de nossa produção romanesca , registrada a partir da década de 1930. Nesse panorama tão diversificado , destaca-se a prosa regionalista do Nordeste , conhecida com prosa neorrealista . Essa foi a tendência que alcançou maior repercussão e importância na época , por ter assumido uma visão crítica das relações sociais, focalizando os problemas da seca , do coronelismo e da decadência do modelo oligárquico patriarcal, com a extinção dos antigos engenhos açucareiros.  Fortemente influenciada pelas ideias de Gilberto Freyre , autor do "Manifesto Regionalista" (1926) e de "Casa Grande £ Senzala" (1933) e grande mentor do grupo regionalista do Recife , que se formou em 1928 , essa geração redescobre o Brasil e contribui para sua universalização , vendo o regional de uma perspectiva política , predominantemente marxista , e assim fundando o Neorrealismo .  Denominamos Neorrealismo o tipo de Realismo em que o caráter cientificista e determinista do Naturalismo do Século XIX é substituído por um enfoque político , de problemas regionais como a condição e os costumes do trabalhador rural , a seca , a miséria etc. Tais problemas , vistos na perspectiva da luta de classes , da operação do homem pelo homem que caracteriza a sociedade capitalista , ganham conotação universal e intemporal , saindo do pitoresco e do localismo tradicionais em nossa produção regionalista.

quinta-feira, 30 de maio de 2019

Principais Tendências Da Literatura Contemporânea Portuguesa - A Prosa Neorrealista


Nos anos 1940  surgiu em Portugal a chamada geração neorrealista , que reagiu contra o formalismo , o psicologismo e o introspectivismo da Geração Presença. Influenciados por Ferreira de Castro - que em 1930 publicou um romance autobiográfico e documental denominado " A Selva" - e por romancistas norte-americanos adeptos da arte engajada nas lutas sociais , muitos dos escritores da geração neorrealista tiveram como mestres os neorrealistas brasileiros , representantes da prosa regionalista do Nordeste. Como os Brasileiros Graciliano Ramos , José Lins de Rego , Jorge Amado , Rachel de Queiro etc. , os defensores do Neorrealismo português lutavam pela necessidade de retratar e transformar a realidade social portuguesa , numa época conturbada pela 2¤ Guerra Mundial e ainda presa a padrões mentais antiquados.  Trata-se de um movimento essencialmente de prosadores , com intensa produção artística , na qual se manifestou , de múltiplas maneiras , o desejo de fazer da literatura uma área de combate e documento social. É interessante conhecer seus principais autores e obras , já que essa fase da literatura portuguesa é influenciada por nossa literatura e dialoga com ela. Além disso, exerceu grande influência na produção que se realizou no país dez anos depois , quando ocorreu um período de esplendor da prosa portuguesa , em número e qualidade.

¤Principais Autores e Obras do Neorrealismo Português -

> Ferreira de Castro - "A Selva"  (1930) : publicada ainda na vigência do Presencismo , " A Selva" prenuncia o Neorrealismo por seu caráter de narrativa autobiográfica e documental.  Nela há o relato da experiência de um português - Alberto - na selva amazônica, onde trabalha como seringueiro e vive uma série de aventuras.

>  Alves Redol - Gaibéus (1940) : Este romance inicia oficialmente o Neorrealismo português , narrando , em tom de reportagem , por meio de episódios justapostos , a vida sofrida e injustiçada dos modestos camponeses do Ribatejo , conhecidos como Gaibéus. Fernando Namora , com "O Homem Disfarçado" (1957) , denuncia a alienação da burguesia ascendente e das classes dominantes em geral ; Carlos de Oliveira , com "Uma abelha na chuva" (1953) , romance de tese sobre a luta de classes, em linguagem despojada que lembra Graciliano Ramos ; e José Cardoso Pires , com "O Delfim" (1968) , romance de um enigma que permance indecifrado , constituem mais alguns exemplos de escritores e obras que surgiram a partir do Neorrealismo português.  Esses escritores não apenas fixaram o Neorrealismo como uma grande vertente da literatura portuguesa do século XX , mas o transformaram e enriqueceram.

Nem Tudo Que Reluz É Ouro - Caminhos e Fronteiras


Anhanguera , Fernão Dias , Raposo Tavares , Domingos Jorge Velho , Borba Gato , Paes de Barros , Cardoso de Almeida , Cunha Gago , Amaral Gurgel  Bandeirantes. Quem já circulou pelas rodovias , avenidas , praças e ruas do Estado  de São Paulo e de sua capital , com certeza está habituado a esses nomes. Os mais conhecidos são facilmente associados a uma espécie de imagem heroica de desbravadores do sertão brasileiro, de alargadores das fronteiras do território nacional , de responsáveis pela grandeza de nosso país e incansáveis líderes de expedições em busca metais e pedras preciosas. De fato, desde o século XVI, colonos e aventureiros dirigiam-se em expedições rumo ao interior do continente em busca de riquezas minerais. As constantes informações das minas da América espanhola alimentavam os sonhos dos luso-brasileiros de encontrar a montanha do Eldorado e de serras resplandecentes, cobertas de ouro , prata , diamantes , rubis , esmeraldas e outras pedras preciosas. As permanências medievais no imaginário dos conquistadores - é só lembrar das riquezas das viagens de São Brandão e Marco Polo- eram reforçadas por narrativas  que os conquistadores ouviam dos indígenas. No entanto, passaram-se quase dois séculos para que as áreas mineradoras fossem descobertas pelos conquistadores , ligados diretamente à história da Vila de São Paulo. Nesse período , a ação dos bandeirantes teve sempre no horizonte a busca dessas riquezas. Mas seu papel na estruturação da Colônia foi muito mais complexo. O caráter heroico com que impregnaram a imagem desses aventureiros e as homenagens que se prestam a eles ainda nos dias de hoje dificultam a compreensão do funcionamento da sociedade colonial. Desde o início a gente de São Paulo - em geral mamelucos (filhos de portugueses com índias) - lançou-se ao apresamento de indígenas em tribos próximas ou em aldeamentos, as Missões Jesuíticas, onde religiosos reorganizavam a vida nativa. Os paulistas estavam de tal maneira ligados à cultura indigena que, durante todo o período colonial, a língua dominante entre eles não era o português , e sim o tupi.


A Pacificação E A Busca Da Unidade Nacional- A Construção do Estado Nacional Brasileiro no Século XIX


Com o "Golpe Da Maioridade" e a elevação de D. Pedro II à condição de imperador , teve início o Segundo Reinado (1840-1889). De modo geral, foi um período de relativa paz interna. Seus primeiros anos , porém, foram conturbados . Inicialmente , para manter a "ordem pública" , foi preciso pacificar as últimas revoltas , que , em sua luta contra o poder central , ameaçavam a unidade nacional. Além da Farroupilha , ainda em curso , em 1842, após a dissolução da Câmara , em virtude da ocorrência de fraudes nas eleições , algo comum na época , eclodiu uma revolta comandada por liberais de São Paulo e Minas Gerais. Mais tarde , em 1848, uma nova revolta surgiu em Pernambuco , impulsionada pelos ecos das revoluções na Europa.  A Praieira deve seu nome à sede do principal jornal de cunho liberal , o "Diário Novo", situado na Rua da Praia. Por meio do documento intitulado "Manifesto ao mundo", os praieiros defendiam a liberdade de imprensa ; o sufrágio universal; a nacionalização do pequeno comércio , que estava , predominantemente , nas mãos de portugueses e ingleses ; e os ideais federalistas . Apesar de algumas conquistas , a Praieira foi duramente reprimida , assim como a revolta liberal de 1842. Com isso, encerrou-se a grande onda de rebeliões iniciada no tempo das regências. Assim, a década de 1980 constituiu um momento decisivo na consolidação da unidade nacional . Pela repressão às revoltas e por acordos políticos , promoveu-se a integração das províncias e de suas oligarquias ao poder central.

Ars Magna


Um dos grandes acontecimentos no campo da Matemática no século XVI foi a descoberta da solução algébrica de equações polinomiais de graus 3 e 4. Esse feito matemático foi publicado em um tratado de álgebra intitulado Ars Magna , do italiano Girolamo Cardano. Porém , alguns historiadores cogitam a possibilidade de que também o italiano Targaglia tenha desenvolvido o método de resolução para as equações cúbicas, e que um discípulo de Cardano, Ferrari, tenha desenvolvido o de equações quárticas. A partir de então, foram desenvolvidos outros métodos de resolução de equações polinomiais cúbicas e quárticas. Por volta de 1750 , Euler tentou desenvolver uma para equações de grau 5, porém não obteve êxito. O mesmo ocorreu com Lagrange , alguns anos mais tarde. No início do século XIX , Ruffini buscou provar que equações de grau 5 , ou maior , não podem ter suas raízes determinadas a partir de seus coeficientes, o que foi provado por Abel em 1824. O  estudo de equações polinomiais seguiu pelos anos posteriores. Um desses estudos diz respeito à chamada teoria dos "números transfinitos". Nessa teoria , são denominados de números algébricos os números complexos que são raízes de um polinômio no qual todos os coeficientes são inteiros. Por exemplo , 2 e -2 são números algébricos , pois são raízes da equação 2x(2) - 8 = 0 . Um número complexo que não é algébrico é denominado transcendente , isto é , um número é dito transcendente quando ele não é raiz de uma equação polinomial de coeficientes inteiros, assim como "r" e o número e. Não é elementar estabelecer se um dado número é algébrico ou transcedente. Embora , em 1882 , Lindemann tenha demonstrado que "r" é um número transcedente , nada se pode afirma sobre "R(r)". No entanto , em 1934 , Alexander Osipovich Gelfond demonstrou que são transcedentes os números  na forma a (m) , em que "a? É um número algébrico diferente de 0 e 1 , e "m" é um número irracional algébrico.   Em sua homenagem , esse resultado ficou conhecido como Teorema de Gelfond.

OBS: POR FAVOR , VÁ À PÁGINA 270 DO LIVRO "COLEÇÃO NOVO OLHAR - MATEMÁTICA" De JOAMIR SOUZA  para colocar os símbolos deste texto do livro dos quais não foram transmitidos para aqui.

Projeto Político de Platão - A Organização Social e Política


Divide o Estado em três classes : os governantes , o exército e o povo. Esta última classe (formada por artesãos , agricultores , comerciantes , profissionais liberais e escravos) não lhe merece e o menor respeito. Totalmente excluídos do governo , devem curvar-se às leis que lhes são impostas. Nem lhes cabe buscar consolo na religião dos antepassado. Criada pelo Estado , a religião comparece como poderoso instrumento de domínio bem como a literatura e as artes . Embora duramente reprimido , compete ao povo suprir o Estado da produção pastoril , agrícola e industrial. Aos incorporados no exército são negados quaisquer direitos privados. Não podem ser proprietários , não podem constituir família e o Estado controla as horas de lazer.  A união sexual tem como finalidade única a procriação , sendo os casais e a data das conjunções determinadas pelo Estado por critérios políticos e de eugenia. A educação começa desde a infância e é , em todas as etapas  , controlada pelo Estado para os interesses deste e não do indivíduo. Também o exército permanece excluído do governo. Velar pela segurança externa e interna e a sua única função . A admissão da mulher no exército e na educação , que poderia ser considerada um progresso , visa , contudo , aos exclusivos do Estado. A classe dos governantes é constituída pelos filósofos , recrutado entre os milatares , depois dos cinquenta anos. Únicos detentores da verdade , compete-lhes legislar autoritariamente o Estado sem vigilância de outra classe . Já que os conteúdos metafísicos aos quais devem adequar as leis lhe são minuciosamente prescritos , suspeitamos que já não lhes cabe o nome de filósofos a eles atribuídos. Se tomamos Sócrates como protótipo de filósofo , os governantes da República , presos a um sistema preconcebido e rígido , não se parecem nada com ele. Assemelham-se antes a sacerdotes de uma religião secreta, dogmaticamente elaborada pelo fundador.

A Prosa Romântica Regionalista


Além de José de Alencar, mas com menos qualidade literária , três romancistas românticos exploraram a temática regionalista, expressando a sua importância e o seu significado para a literatura brasileira , em sua necessidade de transfigurar artisticamente o Brasil provinciano, rural e arcaico , transformando-o em matéria de ficção. No geral , tratou-se de experiências em que se verifica a distância entre o escritor de cultura urbana e letrada e a vida agreste que queria retratar. No caso específico do Romantismo a idealização tornou a realidade artificial. "Como escritor não pode fazer folclore puro, limita-se a projetar os próprios interesses ou frustrações na sua viagem literária à roda do campo. Do enxerto resulta quase sempre uma prosa híbrida onde não alcançam o ponto de fusão artístico o espelhamento da vida agreste e os modelos ideológicos e estéticos do prosador " . (Alfredo Bosi. História Concisa da Literatura Brasileira.) Os três romancistas regionalistas românticos brasileiros e suas obras principais são:

¤ Bernardo Guimarães : O seminarista (1872); A escrava Isaura (1875).

¤Alfredo Taunay : Inocência (1872).

¤Franklin Távora : Um Casamento no Arrabalde (1869) ; O Cabeleira (1876).

As Rebeliões Coloniais E A Independência do Haiti


Por volta da segunda metade do século XVIII, aumentaram os conflitos entre as elites coloniais e os grupos submetidos ao trabalho compulsório. As rebeliões com participação indígena tornaram-se frequentes. Representantes da Coroa envolvidos com a cobrança de impostos eram os principais alvos de revoltas que traziam um substrato nativista. Em 1780 , no Peru , onde havia uma forte concentração de população ameríndia , uma grande rebelião contra a exploração do trabalho na mita e os rigores fiscais das autoridades eclodiu. Ela foi liderada pelo curaca (cacique) de Tungasuca , José Gabriel Condorcanqui Nogueira, que passou a adotar o nome de Tupac Amaru. Contando com a simpatia de grupos da elite criolla , o movimento , a princípio , centrou sua luta contra os funcionários da Coroa.  Mais tarde , todavia , ao decretar a abolição das formas compulsórias de trabalho, Tupac Amaru atraiu para si o medo da elite criolla , com a ameaça de destruição da ordem social colonial. Após o sítio de Cuzco , seguido de saques e da destruição de obrajes (oficinas artesanais ), o movimento foi duramente reprimido e seu líder , executado. Perante o temor despertado pela rebelião , o Peu tornou-se um forte reduto dos defensores do rei espanhol. Bem diferente foi o que ocorreu em Saint-Domingue , colônia francesa nas Antilhas , em 1791 , onde uma grande rebelião de escravos eclodiu. Na colônia açucareira , com grande número de cativos africanos , a liberdade , em voga com a eclosão da Revolução Francesa , passou a representar o fim da escravidão, decretado em 1793. Ali, o movimento foi tão forte , que , mesmo com a perda de seu principal líder, Toussaint-Louverture , os ex-escravos se impuseram aos franceses e proclamaram a Independência do Haiti , em 1804. Com o tempo, porém , diante das acirradas disputas políticas internas e do bloqueio internacional determinado pelas grandes nações , a crise econômica atingiu duramente a região. De qualquer forma, era sintomático da situação social que a primeira colônia independente da América latina resultasse em uma república dirigida por ex-escravos . A independência por meio da revolução , caso singular do Haiti, e o envolvimento popular conseguido em rebeliões como a de Tupac Amaru deixaram os colonos ainda mais desconfiados e unidos para conter a transformação radical da sociedade. Mais do que precursoras da independência das colônias espanholas, as rebeliões do século XVIII e a Independência do Haiti passaram a ser vistas como uma séria advertência para os criollos em todo o continente , pois , ao questionar a hierarquia etnossocial , a mobilização popular ameaçaria a própria estrutura estabelecida pelos espanhóis e seus descendentes na América.


Jorge De Lima , O Poeta-Profeta


Tendo começado como sonetista neoparnasiano , Jorge de Lima é um poeta de tom profético e exclamativo que lembra os antigos sacerdotes , profetas ou vates , poetas da Antiguidade grega que , possuídos pelas musas , faziam ressoar no mundo humano o universo sagrado dos deuses. Comungou com Murilo Mendes a vocação de poeta cósmico, religioso e onírico , apresentando forte tendência a um socialismo humanitário e militante. Escreveu poemas com temática relacionada ao Nordeste , onde nasceu e passou a infância , resgatando elementos do folclore regional e da cultura negra para o espaço literário. Uma de suas mais importantes obras é "Invenção de Orfeu" (1952), epopeia barroca surrealista , com traços barrocos de grande complexidade técnica e temática. Outras obras de Jorge de Lima : "O Mundo do Menino Impossível" (1925) ; "Poemas Escolhidos" (1932) ; Tempo e eternidade (em parceria com Murilo Mendes , 1935) ;  "A Túnica Inconsútil" (1938); "Obra Poética" (Incluindo as anteriores , mais "Anunciação e Encontro de Mira-Celi" , de 1950). ¤Jorge Matheus de Lima (1895-1953)

¤Natural de Alagoas , Jorge de Lima estudou Humanidades em Maceió e Medicina em Salvador e no Rio de Janeiro , tendo exercido a profissão em Maceió e também no Rio. Sempre muito interessado em artes plásticas , lecionou literatura na Universidade do Brasil e participou politicamente - como vereador - nos anos posteriores à queda da ditadura getulista. O contato com o Modernismo nacionalista da primeira geração e a posterior conversão a uma forma dramática e moderna de catolicismo constituem fatos capitais de sua trajetória humana e literária . Faleceu no Rio de Janeiro.



As Expectativas do Leitor


No momento da leitura , o leitor criativo põe em movimento todas as suas capacidades intelectuais e afetivas : inteligência, cultura , informações , domínio da língua , experiências de vida e, sobretudo, sensibilidade. O conjunto de suas experiências culturais e o conhecimento das convenções literárias geram expectativas e previsões de toda ordem em relação ao texto. O prazer da leitura pode advir tanto da confirmação dessas previsões quanto das surpresas provocadas pelos elementos imprevistos. O poema de Drummond, por exemplo, difere das histórias de amor convencionais , surpreendendo o leitor e contrariando suas expectativas : depois de cada final trágico , a história , absurdamente , sempre recomeça. Esse repetido ressurgimento das personagens através de diversas épocas históricas contraria não só a ordem natural das coisas como as experiências do leitor com narrativas. O estranhamento provocado por esse absurdo tem consequências : a declaração de amor da abertura - "Eu te gosto , você me gosta "- deixa de ser apenas um chavão da linguagem amorosa para assumir um valor de verdade universal ; a expressão "desde tempos imemoriais", além de revelar o exagero do namorado apaixonado, ganha concretude nas aventuras que se sucedem " através das idades". E , no final do poema , o leitor é levado a reorganizar todas as suas impressões : serão as aventuras amorosas fantasias do namorado moderno que , ironicamente , recorre a elas para dar um colorido mais interessante às facilitadas relações amorosas de nosso tempo? Isso acontece porque uma das informações que mais geram expectativas no momento da leitura diz respeito à classificação das obras literárias em gêneros. Vejamos , em breve, como os gêneros literários são tradicionalmente classificados.

Primeira Geração Romântica Portuguesa


A primeira geração é ainda marcada pelas contradições próprias dos momentos iniciais de uma nova estética : os autores ainda não se libertaram totalmente das tradições do Classicismo. De outro lado, o envolvimento nas lutas pela implantação do liberalismo em Portugal acentua as características ideológicas de suas obras. Tais características traduzem-se sobretudo no nacionalismo e no historicismo medievalista. Os principais autores foram Almeida Gerrett , Alexandre Herculano e Antônio Feliciano de Castilho. Garrett , figura pública das mais notáveis do século XIX em Portugal , engajou-se como liberal convicto em todos os embates políticos de sua época. Sofreu dois exílios. Lutou ao lado das forças de D. Pedro contra os absolutistas na guerra de 1828-34, foi encarregado dos negócios portugueses junto ao governo belga entre 1834 e 1836. Elegeu-se deputado por várias legislaturas e , em 1852, foi ministros dos Negócios Estrangeiros. Não teve menos importância sua ação no campo cultural : dedicou-se ao jornalismo , à literatura e ao teatro. É considerado o iniciador do Romantismo em Portugal com a publicação do poema "Camões" , em 1825. Depois da vitória dos liberais , em 1834, iniciou campanha pela criação de um teatro nacional e promoveu a fundação do Teatro D. Maria II e do Conservatório Dramático.  Na vasta obra de Garrett destacam-se : na prosa , "Viagens na minha terra" ; no teatro , Frei Luís de Sousa ; na poesia , "Folhas Caídas". "Viagens em Minha Terra" , obra de difícil classificação , mistura características do relato de viagens , do diário íntimo , do ensaio , da reportagem jornalística e do romance (não nos esqueçamos de que o Romantismo prega a mistura dos gêneros , como forma de liberdade de criação). O núcleo da narrativa é o relato de uma viagem de Lisboa a Santarém (baseado numa experiência real do autor , em 1843). Mas o narrador faz , ao longo dos quarenta e nove capítulos , digressões de todo tipo e a qualquer propósito : comentários sobre política e administração pública , sobre o clero , sobre o amor , sobre arte , literatura , mantendo sempre um tom leve , jornalístico e irônico. No capítulo X , estando já o narrador no vale de Santarém , toma conhecimento da história amorosa de Joaninha , a menina dos rouxinóis , e seu primo Carlos.  Desse ponto em diante , o autor entremeia na narrativa os lances dessa novela sentimental , que possui todos os ingredientes românticos : paixão e ciúme , mistérios e reconhecimentos ... E um final trágico , com o distanciamento do herói e a morte da heroína.

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Permeabilidade Celular


A célula , sendo uma estrutura viva , precisa receber alimentos e oxigênio para a realização de suas funções vitais. Precisa também eliminar os produtos do seu metabolismo. As membranas permitem essas trocas entre o interior e o exterior da célula. A parede celular é, dentro de certos limites, uma membrana permeável, não exercendo o controle sobre as substâncias que penetra na célula, ou que dela saem . A membrana plasmática, entretanto, embora permita troca entre a célula e o meio externo, exerce controle dos elementos que entram e que saem. Portanto, a membrana plasmática é semipermeável, tendo poder seletivo. A membrana plasmática permite a livre passagem de água e de pequenas moléculas como o oxigênio, e dificulta, ou mesmo impede a passagem de moléculas grandes como as proteínas. Os processos de troca na célula podem ser agrupados em três categorias:

• processos passivos: ocorre sem gasto de energia; difusão e osmose.

• processos ativos: ocorre com gasto de energia. São pouco conhecidos e não serão discutidos aqui.

• endocitoses: são processos que permitem a ingestão de substâncias com dimensões maiores, que não atravessam a membrana plasmática: fagocitose e pinocitose.

Geração Espontânea


Esta teoria é também conhecida por abiogênese: os seres vivos se formaram de material orgânico em decomposição, do lodo ou de outros materiais não vivos. Tal teoria surgiu de um erro de interpretação de fatos que até hoje se observam. É um fato, por exemplo que podem sair músicas da carne em decomposição. A interpretação precipitada levou os cientistas de um passado não muito distante admitir que a carne podre se transformava em moscas! Em frutos também é comum observar o aparecimento de bichos. Pois também os bichos dos produtos eram considerados transformações dos próprios frutos ! No lodo, deixado nas margens dos rios quando eles voltavam ao seu leito normal após enchentes , surgiram sapatos, cobras e outros bichos: o lodo se transformaria em animais diversos... Isso tudo era dito a sério por gente importante do mundo da ciência, na época. Parece até ser ridículo, mas a verdade é que eles não dispunham dos meios de observação de que dispomos hoje. Diversos exemplos e observações permitem chegar facilmente à geração espontânea. Por exemplo: de uma porção de carne cortam-se diversos pedaços, colocando-se uma em cada frasco .  Deve-se ter o cuidado de esterilizar a carne, por fervura, Antes de iniciar a experimentação. um frasco ficará aberto, outro completamente fechado e outro com algodão ou gaze, de forma a permitir a livre ventilação. Depois de alguns dias observa-se que apenas no frasco aberto surgem moscas. Se as músicas fossem formadas pela própria carne, deveriam formar-se moscas em todos os frascos. Como tal não acontece, podemos concluir que as moscas não se desenvolvem da carne. É interessante observar que no frasco tapado com gaze (ou algodão) também não aparecem moscas, embora a ventilação ali seja livre. Essas observações permitem concluir que as moscas provém do ambiente. Hoje podemos completar essa explicação, afirmando que moscas ali  pousaram e botaram seus ovos, que deram origem a novos insetos. Os "bichinhos" esbranquiçados dos que se observam antes das moscas adultas não passam de larvas dessas moscas. Os insetos são animais que, na sua maioria, apresentam metamorfose , isto é, primeiramente surgem formas larvárias, para depois se formarem os indivíduos adultos. A mesma explicação dada para o aparecimento das moscas na carne é válida para os bichos das frutas: outros animais, possivelmente insetos, botam seus ovos nos frutos e lá encontramos as suas larvas. O solo lodoso e úmido é um ótimo lugar para a vida dos sapos, que para lá se dirigem e se reproduzem, sendo ótimos alimentos para as cobras. Diversos cientistas trabalharam no sentido de mostrar que a teoria da geração espontânea era falsa. Entre eles destacaram-se Redi, Spallanzani e Pasteur , tendo sido este último quem pôs termo a essas discussões, através de experimentos bem montados e muito bem controlados. 

Força De Sucção De Uma Célula Vegetal

Tanto em células animais como em células vegetais a osmose depende basicamente de dois fatores: a concentração do meio e a concentração da célula. Em células vegetais , entretanto, um terceiro fator torna-se importante : a resistência da parede celular. Colocando-se, agora, uma célula vegetal normal em uma solução hipertônica, ela perde água para o meio, ficando murcha. Se a concentração do meio externo continuar maior do que a do meio intracelular, ela continuará a perder a água, o que pode provocar a separação da membrana plasmática da membrana de celulose. Esse processo denomina-se plasmólise e é característico das células vegetais. O processo inverso ao da plasmólise é a deplasmólise em que a célula plasmolisada, ao ser colocada em água pura ou de pequena concentração, volta a ficar túrgida. A membrana celulósica limita a entrada de água, pois  à medida que a água entra, ela se distende e passa a exercer pressão de fora para dentro. Essa pressão da membrana, de fora para dentro, é semelhante à pressão exercida pela parede de uma bexiga que se enche de ar. 


Força da Igreja


Na Europa medieval, a fé das pessoas era grande, mas a força da igreja se devia sobretudo à sua organização e riqueza. Desde os tempos do império romano, a igreja possuía uma hierarquia que, no decorrer da idade média, foi sendo pouco a pouco aperfeiçoada. O posto mais alto era ocupado pelo bispo de Roma, que, no ano 455, afirmou ser o sucessor do apóstolo Pedro e passou a se chamar Papa. Abaixo do papo estavam os bispos . Os bispos dirigiam a diocese, ou seja, um conjunto de paróquias. Nos tempos medievais, o bispo era uma figura tão importante que, se o seu povoado estivesse em perigo, ele assumia a direção. Abaixo dos bispos estavam os padres ou párocos. Pároco era o dirigente de uma paróquia, isto é uma capela e um grupo de fiéis. Os padres, bispos e o Papa estavam em contato direto com a comunidade ao contrário dos monges, que escolheram viver isolados em mosteiros, dedicando-se às orações, aos estudos e as artes. A força da igreja estava também na sua riqueza. Nos primeiros séculos da Idade Média a Igreja foi enriquecida rapidamente por causa das doações de terras e de dinheiro que recebia dos fiéis. Era comuns bispos terem a posse de vários feudos com centenas de servos. Segundo os historiadores, na Idade Média a Igreja era a maior proprietária de terras do ocidente europeu. Isto numa época em que a principal fonte de riqueza era justamente a terra. É preciso lembrar também que o clero não perdia bens nem por motivo de casamento, nem de herança, nem em torneios , como ocorria com a nobreza medieval. Os membros do clero católico, como se sabe, não podiam se casar. Em caso de morte, seus domínios territoriais continuavam pertencendo a igreja. 

Cabral Toma Posse Das Terras Brasileiras


Preocupado com a concorrência, o rei português , Dom Manoel, decidiu enviar outra expedição as Índias, a fim de firmar o comércio português com o Oriente. Esta esquadra, comandada pelo Nobre Pedro Álvares Cabral partiu de Lisboa em 9 de março de 1500. Era formada de 13 navios (10 naus e três caravelas) e cerca de 1500 pessoas, incluindo cartógrafos, padres,  soldados, escrivão e navegadores experientes, como Bartolomeu Dias, o primeiro europeu a contornar a África. O rei encarregou Cabral de tomar posse das terras que encontrasse pelo caminho. Por isso Cabral ordenou aos pilotos da sua esquadra que se afastassem do litoral africano, velejando cada vez mais em direção ao ocidente. Depois de 43 dias no mar os tripulantes avistaram pássaros (fura-buchos) e algas marinhas (rabo-de-asno e botelho) , sinal de que havia terra por perto. Finalmente, na tarde do dia seguinte 22 de abril de 1500, uma quarta-feira, avistaram o monte verde azulado de formas arredondadas, ao qual deram o nome de Monte Pascoal pois era semana da páscoa. Os portugueses desembarcaram junto a uma aldeia de índios tupiniquim, no lugar onde é Porto seguro, na Bahia. Lá fincaram uma cruz de madeira com as armas do Rei de Portugal. Era a forma de os portugueses dizerem que a partir daquela data aquelas terras eram deles. Depois de tomar posse, estabelecer contato com os indígenas e ordenar celebração da primeira missa, Cabral enviou o navio de volta levando a carta de Pero Vaz de Caminha, o escrivão de sua armada. A carta de Caminha é um importante documento histórico. 


Princípios e Países Mercantilistas


Assim como o absolutismo e o mercantilismo também variou de um país para outro. Apesar disso apresentou alguns princípios básicos, entre os quais podemos citar:

• metalismo: crença segundo a qual quanto mais ouro e Prata uma nação possui mais rica ela seria. Procurava-se com essa crença evitar a saída de metais preciosos do país.

• balança comercial favorável : princípio decorrente do metalismo. Veja por quê : na época, o dinheiro era feito de ouro e Prata; assim, a forma de reter ouro e Prata em um país era exportar o máximo e importar o mínimo, obtendo um saldo positivo na balança comercial. 

• protecionismo: incentivo ao comércio, à indústria e à marinha mercante nacionais, protegendo-os da concorrência estrangeira. Recomendava-se, por exemplo o aumento dos impostos sobre os produtos estrangeiros a fim de torná-los mais caros, favorecendo os nacionais. 

• todo comércio colonial deve ser monopólio da metrópole : as colônias deveriam começar exclusivamente com suas respectivas metrópoles. um exemplo: os habitantes de onde é hoje o Haiti (colônia) devia fornecer açúcar , algodão apenas para França (metrópole) e comprar somente dos franceses os tecidos e outros manufaturados de que necessitassem. O mercantilismo variou no tempo e no espaço . No século XVI, por exemplo, predominou o metalismo. Foi o século em que a Espanha encontrou metais preciosos na América e, pelos tesouros que acumularam em ouro e Prata foi considerada a nação mais rica da Europa naquela época. Tendo recursos vultosos para importar, os espanhóis não se preocuparam em desenvolver uma indústria própria. Assim como a Espanha e Portugal também comprava de suas colônias ou de outras metrópoles europeias aquilo de que necessitava, o que acabou contribuindo para inibir a indústria no país. Já na França da segunda metade do século XVII, época de Luís XV, adotou-se um forte  protecionismo. O governo intervinha na economia protegendo as manufaturas francesas, sobre todos os artigos de luxo (rendas, joias , porcelana), abolindo impostos sobre as exportações, aumentando os impostos sobre as importações e intensificando o controle sobre as colônias.

Luíz XIV , O Apogeu do Absolutismo na França


Na França, a centralização do poder nas mãos do rei foi um processo lento e gradual, que evoluiu em direção ao absolutismo . O auge do absolutismo francês se deu no reinado de Luís XIV (1643-1715) , que, por sua conduta à frente do governo, ficou conhecido como Rei Sol. Luís XIV tinha 5 anos incompletos quando seu pai faleceu. Diante disso, sua mãe confiou a direção do reino da França a um político experiente, O cardeal Mazzarino. Na época, a França estava envolvida na Guerra dos Trinta Anos, conflito europeu motivado por intensa rivalidade entre católicos e protestantes e por ambições territoriais. Para arcar com os custos da terra, o cardeal Mazzarino criou impostos, aumentou os já existentes (atingindo indivíduos de todos os grupos sociais) e elevou os preços dos cargos públicos que a monarquia francesa vendia para a cobrir as despesas da família real e dos nobres que viviam na corte. Esta política impopular do cardeal Mazzarino foi adotada numa época em que desemprego, fome e doenças se alastravam pela França. Em consequência explodiram revoltas, que contaram com a participação de vários grupos sociais, inclusive setores da nobreza. Nestas revoltas conhecidas como Frondas duramente reprimidas pela monarquia absolutista, que com isto, saiu ainda mais fortalecida. Em 1661, com a morte do cardeal Mazzarino, Luís XIV assumiu, ele próprio , a chefia do governo. No poder, o Rei Sol exigia dos súditos total obediência e lealdade, fiscalizava com rigor a execução de suas ordens e ocupava-se pessoalmente dos assuntos ligados ao governo. Enfim, agiu de acordo com a frase atribuída à ele e: "O estado sou eu". Por isso é considerado o melhor exemplo de soberano absolutista.

O Trabalho Dos Indígenas


Um dos meios usados para a função dos indígenas ao trabalho foi a mita, que, como vimos , era um hábito de origem inca pelo qual os camponeses tinham de trabalhar em obras do governo alguns meses por ano. Os espanhóis adaptaram as suas necessidades: exigiam que os indígenas trabalhassem nas suas minas por um determinado tempo - geralmente 4 meses- , dizendo a ele que este era um imposto devido ao governo espanhol. Em troca, esses trabalhadores (os mitayos) recebia um equivalente a um terço do salário de um trabalhador livre. Uma parte do magro salário era pago em alimentos, tecidos e bebidas alcoólicas. Muitos se viciavan  no consumo de álcool e acabou morrendo como mendingos. Outra formas de exploração do trabalho indígena na América espanhola foi a encomienda. A encomienda era o direito que a Espanha dava ao colono espanhol de explorar o trabalho de um certo número de indígenas por um certo período. Em troca, ele devia dar aos indígenas assistência material e religiosa, ou seja, alimentá-los e ensinar a religião católica. Havia uma autoridade (o juiz repartidor) que entregava os indígenas aos colonos. No começo era só por determinado tempo, depois passou a ser por tempo indeterminado. Na maioria das vezes, os colonos transferiam o direito sobre os índios para os seus filhos. A encomienda foi muito utilizada nos campos da América espanhola. Os índios cumpriam a sua parte e trabalham nas minas, plantações e fazendas de gado. Os colonos, porém, não cumpriam a sua:  milhares de índios morriam por maus-tratos, fome e sem nunca ter aprendido uma única oração. Resumindo, trabalho forçado (mita e encomienda), doenças trazidas pelos europeus (varíola, tuberculose, sarampo) e desenraizamento (indígena era forçada deixar suas raízes e adequar-se ao modo de vida do colono ) provocaram a eliminação física de milhões de indígenas na América espanhola. Muitos membros da igreja católica fizeram vista grossa aos abusos cometidos contra os ameríndios . Alguns, inclusive, usaram índios para enriquecimento próprio. Mas houve também religiosos que lutaram em defesa das populações indígenas. Um deles foi Frei Bartolomé de Las casas.

A Monarquia Inglesa


No século XII, nas Ilhas Britânicas, além do Reino da Inglaterra , havia o Reino da Escócia e os domínios dos irlandeses e dos gauleses. O fortalecimento do poder do rei da Inglaterra começou quando os normandos (habitantes da Normandia, região do norte da França) , liderados pelo duque Guilherme , invadiram e conquistaram a Inglaterra , em 1066. O duque  foi coroado Guilherme I , rei da Inglaterra, dando início ao domínio normando sobre a ilha. Dessa forma , Guilherme , apelidado de o Conquistador , que era vassalo do rei francês, acabou ligando a história da França à da Inglaterra. Guilherme I exigiu que todos os senhores feudais prestassem  juramento  de fidelidade apenas ao rei, dividiu as terras inglesas em condados e nomeou funcionários reais (os xerifes) para administrá-los ; além disso, proibiu as guerras particulares entre a nobreza . Com essas medidas , o rei Guilherme I submeteu a nobreza e deu início ao processo de fortalecimento do poder real inglês. Um parente de Guilherme I, o nobre Henrique Plantageneta , que também era da Normandia , herdou o trono da Inglaterra com o nome de Henrique II (1154-1189) . Durante seu reinado , ele estabeleceu que todas as questões seriam julgadas por tribunais reais, e não pelos da nobreza, contribuindo assim para a centralização do poder. O filho e sucessor de Henrique II , Ricardo Coração de Leão (1189-1199) , passou a maior parte de seu reinado fora de seu país. Esteve o tempo todo envolvido com a terceira cruzada e em luta contra Felipe Augusto, da França, a fim de manter os enormes feudos que os reis ingleses possuíam naquele país. Os nobres ingleses se aproveitaram da ausência do Rei para reaver parte de sua autonomia. João Sem-Terra (1199-1216), irmão de Ricardo continuava a guerra contra a França e ao ser derrotado perdeu parte dos imensos feudos que sua família tinha no território francês. Por isso o rei João ganhou esse apelido. Desprestigiado pelas derrotas e pelos constantes aumentos de impostos que autorizava para cobrir os gastos com na luta contra o rei francês Felipe Augusto (1180-1223) , João sem Terra foi obrigado pela nobreza a assinar a Magna Carta.


A Estratégia De Luís XIV


Durante seu longo reinado (54 anos), Além de usar o exército para impor sua autoridade Luís XVI procurou também atender aos interesses de importantes setores da nobreza e da burguesia. Para atrair a nobreza adotou a política de "distribuição de favores": distribuiu apreensões, presentes e empregos bem remunerados à condes, duques e barões. E, na sua corte , no palácio de Versalhes, residência oficial, abrigava e sustentava milhares de outros nobres. Para obter apoio da burguesia entregou a direção da economia a Jean B. Colbert , membro de uma importante família da burguesia e defensor dos interesses desta classe. Buscando aumentar a riqueza da França, Colbert favoreceu as exportações dos produtos franceses concedendo prêmios em dinheiro e ajuda financeira à várias manufaturas francesas e isento de impostos. Para diminuir as importações, aumentou os impostos sobre os produtos estrangeiros, dificultando sua entrada no país; buscava, com isso, obter uma balança comercial favorável. Colbert também concedeu o privilégio à companhias de comércio: grandes empresas formadas com dinheiro de particulares e,  às vezes, do próprio governo que atuavam, sobretudo, na exploração de riquezas da África, Ásia e América. No entanto, a maioria da população francesa daquela época vivia mergulhada na pobreza e  sobrecarregada de impostos. J. B Colbert estimulou a economia francesa, mas não conseguiu equilibrar as finanças do país, principalmente por causa dos gastos escandalosos da corte, das sucessivas guerras externas e da fuga de capitais, motivada pela intolerância religiosa. É que Luís XIV perseguiu os protestantes franceses (muitos deles ricos negociantes), que, por isso deixaram o país rumo à Suíça, Inglaterra ou Holanda levando consigo seus capitais. 

terça-feira, 28 de maio de 2019

Rebeliões Camponesas


Documentos da época nos informam que com a fome  e a peste muitos senhores se viram em situação econômica difícil. Então, para compensar suas perdas e continuar comprando os produtos vindos do oriente, muitos senhores aumentaram a exploração sobre os camponeses (aumento dos tributos e proibição de abandonar os feudos). Os camponeses, por sua vez, reagiam incendiando colheitas fazendo corpo mole no trabalho, fugindo para as cidades e promovendo revoltas. Duas dessas rebeliões tiveram grande repercussão na Europa: a Jacquerie , em 1358, na França , e a revolta de Watt Tyler, em 1381, na Inglaterra. A Jacquerie teve início na região de Crevil , localizada nas proximidades de Paris , e logo se espalhou pelas vizinhanças . Chegou a contar com a participação de 100.000 camponeses, que incendiaram castelos e mataram muitos nobres. Os líderes camponeses pretendiam levar a revolta para dentro de Paris. No entanto, a nobreza, mais bem armada, contra-atacou massacrando milhares de camponeses e sufocou o movimento. A revolta dos camponeses franceses durou apenas 14 dias. Os camponeses da Inglaterra foram mais bem sucedidos. A principal causa da revolta foi a cobrança abusiva de impostos entre eles ou "imposto por cabeça". Os camponeses ingleses chegaram a ocupar Londres, a capital do país. O movimento rebelde durou cerca de um mês e meio. Reunidos com o Ricardo II, os camponeses exigiram o fim das obrigações servis e dos inúmeros impostos que recaiam sobre eles. Na presença dos rebeldes, o rei concordou com as exigências feitas. Logo em seguida, no entanto, os traiu, unindo-se aos nobres e arrasando aldeias inteiras com suas tropas. Posteriormente, o rei deu perdão oficial aos rebeldes presos mais, para soltá-los, exigiu que pagasse uma indenização aos seus senhores. Temendo novas revoltas, os nobres libertaram seus servos do pagamento da corveia. Assim aos poucos a servidão foi deixando de existir na Inglaterra. No século XV estava praticamente extinta no país. A luta dos camponeses ingleses não havia sido em vão. Em várias outras partes da Europa, porém, a servidão e com ela o feudalismo continuaram a existir por muito tempo ainda.


As Cidades Se Libertam


Grande parte das cidades medievais se desenvolveu nas terras pertencentes  à um nobre, um bispo ou um  abade. Estes senhores governavam as cidades geralmente de modo autoritário: cobravam impostos abusivos, estabeleciam multas e obrigavam os moradores a trabalhar gratuitamente no conserto de pontes estradas e muralhas. Insatisfeitos com esta situação, os habitantes das cidades empenharam-se em conquistar o direito de governar sua cidade. Algumas vezes conseguiram por meio de rebeliões violentas; outras, mediante a compra da carta de franquia, documento que dava aos moradores e o direito de administrar sua cidade. Estas cartas eram garantidas pelos reis. Com a carta de franquia em mãos, os habitantes das cidades escolhiam seus próprios representantes, que eram, geralmente, comerciantes e banqueiros. Assim, com o crescimento do comércio e das cidades a burguesia foi se fortalecendo, enquanto os senhores feudais foram, aos poucos perdendo poder. As cidades medievais apresentavam muitos problemas: incêndios constantes (as casas eram de madeira), ruas tortas e mal calçadas, cheias de lixo, muitos cortiços, muita insegurança à noite por falta de iluminação, água contaminada, muitas doenças. Apesar de tudo isso, os habitantes das cidades medievais - comerciantes artesãos, taverneiros, artistas, mendingo ou prostitutas - preferia uma vida urbana à do campo. Um dos motivos era aqui na cidade tinham liberdade. É daquela época um ditado popular alemão que diz: "o ar da cidade torna o homem livre".

Fome, Doença e Medo


Entre os anos 1000 e 1300, embalada pelo crescimento da população, do comércio e das cidades, a Europa prosperou. Nas primeiras décadas do século XV, porém, algumas regiões da Europa, em particular o norte da França, foram duramente atingidos por uma crise prolongada: a produção de alimentos não acompanhou crescimento da população. Além disso, chuvas torrenciais seguidas de más colheitas inauguraram um longo período de fome que atingiu animais e pessoas. Entre 1315 e 1317, um quinto da população europeia morreu de fome e boa parte passou a viver em estado de subnutrição. A subnutrição preparou terreno para a  "grande peste", que, anos depois se propagou por toda a Europa, atingindo inclusive a Inglaterra e a Escandinávia. Entre 1347 e 1350, essa epidemia violenta provavelmente peste bubônica, matou cerca de um terço da população européia. 

A Carreira De Artesãos


Nos tempos medievais, a carreira de artesão era bastante prestigiada. O aprendiz e a morar na casa de seu mestre (oficina ficava num dos cômodos da casa) e com ele aprendia os segredos da profissão, um pouco a cada dia. Esse aprendizado durava de 2 a 7 anos. Durante esse tempo, tinha direito apenas à alimentação e a moradia. Terminando esta fase, o aprendiz fazia uma prova prática e, sendo aprovado, era promovido a oficial. Oficial já era considerado um trabalhador especializado e recebia um pagamento em dinheiro pelos seus serviços. Para seguir o ofício de alfaiate, por exemplo, o garoto começava a trabalhar com a idade de 8 ou 9 anos como aprendiz de um profissional bem mais velho e experiente, o mestre. Para tornar-se mestre, ele tinha de fazer outra prova: apresentar para um grupo de mestres um produto feito por ele e ser aprovado pelos examinadores. Trabalhando duro e economizando bastante, um oficial podia chegar a montar sua própria oficina. Outro personagem importante entre os artesãos era o supervisor da corporação, que ia de oficina em oficina fiscalizar a qualidade da matéria-prima e do produto, pesos e medidas, o preço e o modo como o trabalho era realizado.



Cocaína


A  cocaína é uma substância natural,  extraída das folhas da Erythropxylon Coca ,  uma planta encontrada exclusivamente na América do Sul. É utilizada no Brasil desde o início do século XVIII. Em épocas passadas, era muito empregada como anestésico típico em cirurgias oftalmólogicas e otorrinolaringológicas , possuindo propriedades vasoconstritoras. O uso das folhas de coca pra fazer chá é bastante comum (e legal) em alguns países de altitude elevada, como a Bolívia e o Peru. Este conta com órgão do governo, o Instituto Peruano da Coca, cuja função é controlar a qualidade das folhas vendidas no comércio. Sob a forma de chá, pouca cocaína é extraída das folhas, e menor ainda a quantidade absorvida pelos intestinos. A pouca cocaína que passa para a corrente sanguínea dessa forma é levada ao fígado, onde é metabolizada antes de chegar ao cérebro, portanto,  utilizada dessa forma, não causa prejuízos ao organismo. Quando extraído das folhas por meio de processos químicos que envolvem substâncias bastante ativas (como solventes orgânicos e ácidos e bases fortes), a cocaína se apresenta na forma de um sal, o cloridrato de cocaína, com 90% de pureza. Utilizada dessa forma (ilegal) a cocaína tem um efeito devastador sobre o organismo humano. Em termos farmacológicos a cocaína é um estimulante, provoca hiperatividade, excitação, insônia, perda da sensação de cansaço e falta de apetite. Torna os reflexos mais rápidos, embora também cause a perda de controle das atitudes. Os efeitos iniciais de bem-estar que ela provoca geram no usuário uma compulsão incontrolável para utilizar a droga repetidamente (fissura) e a aumentar cada vez mais a dose da droga na busca de efeitos mais intensos. Doses maiores, porém, geram comportamento violento e agressivo, irritabilidade, tremores e paranoia (desconfiança de tudo e de todos, sensação de estar sendo perseguido e vigiado). Às vezes também pode provocar alucinações e delírios. A esse conjunto de sintomas dá-se o nome de "psicose cocaínica". Fisicamente podem ocorrer dilatação das pupilas, que deixa a visão embaçada, dor no peito, contrações musculares, convulsões, elevação da pressão arterial, taquicardia e coma.  O uso crônico da cocaína pode levar à degeneração irreversível dos músculos esqueléticos, conhecida como "rabdomiólise". Doses muito elevadas podem provocar parada cardíaca por fibrilação ventricular ou morte pela diminuição de atividade de centros cerebrais que controlam a respiração. A cocaína e todos os seus derivados (pasta de coca, crack e merla) e induzem a tolerância, ou seja, com passar do tempo, usuário necessita de doses cada vez maiores da droga para sentir os efeitos de bem-estar inicial. Paralelamente à tolerância, os usuários de cocaína também  desenvolvem sensibilização , ou seja, basta uma pequena dose da droga para desencadear seus efeitos mais desagradáveis, como, por exemplo, a paranoia. Não há uma descrição padrão para síndrome de abstinência. O usuário apenas fica tomado de um grande desejo de usar a droga novamente (fissura). Ocorre que a fissura provoca o sofrimento psicológico tão grande que pode levar o usuário a tentar o suicídio caso não consiga a droga naquele momento.

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