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sábado, 2 de março de 2019

Arthur Schopenhauer


  O filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860) foi o que atacou com maior veemência o pensamento hegeliano. Em sua opinião, Hegel seria um verdadeiro "charlatão" , ao construir sua filosofia segundo os interesses do Estado prussiano. Isso se compreende se levarmos em conta que Hegel , ao englobar as situações históricas como desdobramento do espírito objetivo , terminava por legitimar todas as formas de governo e instituições , mesmo as mais nefastas . Desse modo , Schopenhauer se referirá a Hegel como um "acadêmico mercenário". Como filósofo , Schopenhauer , apesar de sua grande cultura , só seria reconhecido muito tardiamente , nos últimos anos de sua vida. Na obra "O mundo como vontade e representação", sustenta que como o conhecimento é uma relação na qual o objeto  é percebido pelo sujeito , o ser humano não conhece as coisas como elas são , mas como podem ser percebidas e interpretadas. Nesse aspecto, faz um retorno a Kant e opõe-se à possibilidade do saber absoluto que Hegel preconizava. Para Schopenhauer , porém , tudo o que o mundo inclui ou pode incluir é inevitavelmente dependente do sujeito , não existe senão para o sujeito . O mundo é representação . Isso quer dizer que , para ele , não existe uma realidade exterior absoluta e que , para existir o conhecimento do mundo , é preciso existir o sujeito. Dessa forma , Schopenhauer afastava-se da reflexão de Kant e iniciava sua própria filosofia . A representação do mundo seria para ele como uma "ilusão" , pois o objeto conhecido é condicionado pelo sujeito. Mas, também diferentemente de Kant , admite ser possível alcançar a essência das coisas por meio do insight intuitivo , uma espécie de iluminação. Nesse processo , a arte teria grande relevância , pois a atividade estética permitiria ao ser humano a compreensão da verdade.  Pela arte , o sujeito se desprenderia de sua individualidade para fundir-se no objeto , em uma entre pura e plena. Nesse ponto , Schopenhauer seria um romântico. Sua filosofia , de outro ângulo , caracteriza-se por uma visão pessimista do indivíduo e da vida . Para ele , o ser humano seria essencialmente vontade , o que levaria a desejar sempre mais , resultando em uma insatisfação constante . Essa vontade , que expressa nas ações humanas , seria parte de uma vontade que anima todas as coisas da natureza. E , se a essência do ser humano e do mundo é essa vontade insaciável , Schopenhauer identifica aí a origem das lutas entre os indivíduos , da dor  e do sofrimento. A história é , para esse filósofo , a história de lutas , em que a infelicidade é a norma . Temos , portanto , a recusa da concepção racionalista de história elaborada por Hegel , segundo a qual ela possui um sentido e progride em direção a uma liberdade maior. Para Schopenhauer , apenas pela arte e ascese - ou seja , o abandono de si - pode o ser humano libertar-se da dor . A filosofia schopenhaueriana inspirará as chamadas filosofias da existência.

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