Vimos, nesse exemplo do aparente movimento diurno do Sol, como a consciência , ao ser crítica , é capaz de realizar um diálogo interno , um pingue-pongue ou vaivém dialético entre os diferentes modos de consciências , entre o teórico e o prático , o verdadeiro e o suposto, o que vem de fora e o que parte de dentro. Trata-se de um processo , englobando os mais diversos âmbitos de observação. Nos processos de conscientização , destacam-se basicamente dois movimentos da consciência:
¤ consciência de si - a consciência concentra-se em si mesma , isto é, nos estados interiores do sujeito . Corresponde à operação mental da reflexão . Alcança-se , por intermédia dela , a dimensão da interioridade , da subjetividade ou da identidade; ¤ Consciência do outro - a consciência concentra-se nos objetos exteriores . Corresponde á operação mental da atenção . Alcança-se , por intermédio dela , a dimensão da alteridade ou da objetividade.
É dado que não podemos conhecer diretamente o que pensa ou sente outra pessoa- ou seja , temos consciência direta apenas de nossa própria interioridade, não da dos outros. Mas podemos conhecê-la indiretamente , pelos seus atos , pois a interioridade de uma pessoa , pelos seus atos , pois a interioridade de uma pessoa se manifesta em suas falas , afirmações , proporções , criações, invenções (você também se reconhecerá e se reafirmará por meio desse mesmo atuar). Assim, para alcançar a autoridade é preciso desenvolver as habilidade de escutar e de absorver e ser capaz depois de reformular e rever as próprias ideias para renovar-se, em um processo mais amplo de conscientização. O desenvolvimento da consciência depende , portanto, do crescimento harmonioso dessas duas operações da consciência: a reflexão sobre si e a atenção sobre o mundo. Se apenas uma delas progride , há uma deformação , um abalo no processo de conscientização. Suponha , por exemplo , o crescimento apenas da consciência do outro. Essa atenção unilateral ao mundo, sem a reflexão sobre si mesmo, conduziria à perda da identidade pessoal, à exaltação dos objetos externos , ao alheamento. Agora , imagine o crescimento só da consciência de si. Essa reflexão em torno do eu , sem atenção sobre o mundo . Se apenas uma delas progride , há uma deformação, um abalo no processo de conscientização. Suponha, por exemplo, o crescimento apenas da consciência do outro. Essa atenção unilateral ao mundo , sem a reflexão sobre si mesmo, conduziria à perda da identidade pessoal, à exaltação dos objetos externos, ao alheamento. Agora , imagine o crescimento só da consciência de si. Essa reflexão em torno do eu, sem atenção sobre o mundo , conduziria ao isolamento , ao fechamento interior , ao labirinto narcisista. Como filosofou o escritor alemão Johann Wolfgand von Goethe (1749-1832) , o ser humano só conhece o mundo dentro de si se toma consciência de si mesmo dentro do mundo. Trata-se de um processo dialético , que vai do eu ao mundo e do mundo ao eu. Portanto , para ampliar a consciência não é preciso dominar uma grande quantidade de informação. O conhecimento e a erudição ajudam , mas não garantem o despertar de uma consciência filosófica e crítica. Além do estranhar , o importante é desenvolver a habilidade de estabelecer correlações entre as informações , os fatos a que elas se referem , os indivíduos envolvidos e você mesmo ou você mesma dentro desse contexto. E que as explicite verbalmente , pois a linguagem "materializa" a consciência. Por isso é tão importante estar em contato com outras pessoas e que todas se disponham a dialogar.
"[...] ao objetivar meu próprio ser por meio da linguagem meu próprio ser torna-se maciça e continuamente acessível a mim , ao mesmo tempo que se torna assim alcançável pelo outro ." (Berger e Luckmann , A construção social da realidade , p. 58).
Isso quer dizer que a filosofia não tem apenas a importantíssima função crítica (analítica), a qual , para ser bem exercida , exige uma mente mais aberta e atenta. Ela tem também uma função construtiva (sintética) , no entendimento de que trata de considerar e relacionar todos os fatos , tentando organizar uma visão de mundo verdadeira ou, pelo menos, mais próxima da verdade.