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terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Sociedade Do Desemprego


   A dificuldade está em que a simples automatização , por si só, não garante esse efeito , pois dela pode surgir uma realidade opressiva e antissocial : uma sociedade do desemprego. Isso se comprova com o aumento do número de pessoas sem trabalho  fixo nesses mesmos países em que a carga horária diminuiu , sem falar naqueles da América Latina nos quais os índices de desemprego são preocupantes e onde ainda subsistem situações de trabalho infantil e escravo. Para evitar o desemprego em massa , uma alternativa seria a redução do tempo de trabalho , pretendida pelas organizações de trabalhadores , o que conduziria também à construção de uma sociedade de maior tempo livre.  "[...] o trabalho socialmente útil, distribuído entre todos os que desejam trabalhar , deixa de ser a ocupação exclusiva ou principal de cada um : a ocupação principal pode ser uma atividade ou conjunto de atividades autodeterminadas levada a  efeito não por dinheiro , mas em razão do interesse , do prazer ou da vantagem que nela se possa encontrar. A maneira de se gerir a abolição do trabalho e o controle social desse processo serão questões políticas fundamentais dos próximos decênios. " (Gorz, Adeus ao Proletariado, p. 12).

É possível que estejamos caminhando para essa sociedade do tempo livre. No entanto, diversos autores questionam os fundamentos e o alcance dessa perspectiva. Consideram que existe potencialmente essa hipótese, mas não como fruto automático do modelo econômico atual , globalizado , imposto à maioria das pessoas nos países em desenvolvimento. Enfim , ainda vivemos em um mundo paradoxal , marcado por imensos  contrastes.  De um lado, percebemos realidades socioeconômicas homogêneas, desfrutadas por um restrito conjunto de pessoas, os incluídos . Os shoppings , os produtos de grife , os aeroportos , os computadores tornam-se padronizados pela globalização. De outro lado , percebemos inúmeros problemas e mazelas , atingindo milhões de seres humanos , os excluídos. Nesse contexto , como na Grécia antiga , o "ócio criativo" parece ser a condição de apenas uns poucos , não da maioria . Que mudanças socioeconômicas e de mentalidade poderiam ser promovidas para que isso se transforme e o trabalho possa cumprir sua função libertadora? Pense nisso.

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