Saiba Mais

Translate

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

O Cinema Novo


   Influenciado pela estética do neorealismo italiano nasceu no Brasil , na passagem dos anos 50/60 , o cinema novo . Um cinema que surge escaldado pelo fracasso da experiência industrial da Vera Cruz , entre os anos 40 e 50, uma tentativa de organizar o cinema nacional nos moldes hollywoodianos (estrutura empresarial: grande estúdio; produções gigantescas ; enormes sucessos de bilheteria ; atores glamourizados pela imprensa - enfim , o cinema espetáculo). A produção nacional não conseguia competir com a norte-americana.  Mas o cinema novo tinha a seu favor novas câmeras , que ensinavam que podia filma com equipamentos leves e custos menores. Um cinema preocupado com a realidade nacional. Pobre de recursos técnicos e rico de imaginação. Um cinema consagrado pela frase célebre de Glauber Rocha , o mais importante cinemanovista : "Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça", e que ele próprio definiria como a "estética da fome". Era o momento em que o cineasta passava a ser um artista comprometido com os problemas de seu tempo. Entre  1963 e 1964, com "Deus e o Diabo na Terra do Sol" , de Glauber Rocha , o projeto cinemanovista ganhou maturidade. O filme colocou em xeque a estrutura linear de "começo , meio e fim" em progressão, apresentando uma montagem fragmentária das cenas. A  ruptura , então, era não só política , mas também estética. O filme foi consagrado ao Festival de Cannes e o cinema brasileiro nunca mais foi o mesmo. Glauber acabou tendo problemas com a esquerda engajada , que vigiada o comportamento de artistas e intelectuais. "Terra em Transe", seu filme premiado em Cannes em 1967, enfrentou protestos exaltados às portas de alguns cinemas do Rio por uma cena em particular. Durante um comício , um poeta , que traz em sua retórica uma visão amarga da política , tapa a boca de um operário sindicalizado e grita para os demais: "Isto é o povo. Um imbecil , um analfabeto , um despolitizado!".

Anuncios