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terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

A Revolta de Nika


  O hipódromo de Constantinopla atraía milhares de pessoas não só por servir à diversão , mas também porque lá se distribuía comida gratuitamente ao público, como no Coliseu , em Roma. No segundo domingo de janeiro de 532 , o hipódromo estava lotado. Sua capacidade era para 60 mil pessoas. O público acompanhava a corrida dividido em duas grandes torcidas : uma apoiava os Verdes e a outra , os Azuis. Estes eram os nomes dos dois principais partidos políticos da cidade. Ambos exibiam suas bandeiras e ensaiavam seus hinos . O imperador também presente. Ele e a imperatriz Teodora eram torcedores dos Azuis. Torcer contra o time do imperador era uma forma de oposição política. Não se sabe bem por que , ao final de uma das corridas , os Verdes aproveitaram para fazer uma série de reclamações ao imperador . Reclamavam , sobretudo , do abuso de autoridade por parte dos funcionários do governo e dos impostos elevados.  O imperador tentou contornar  a situação, mas não foi feliz : a população, aos gritos de Nika ! Nika ! (Vitória! Vitória!) marchou sobre o palácio imperial. Travaram-se então combates sangrentos entre os soldados e as forças populares, e vários edifícios foram queimados. Vendo-se ameaçado, Justiniano decidiu fugir levando consigo as riquezas do tesouro imperial. Contam que , naquele momento, Teodora convenceu-se a voltar . Justiniano voltou a ordenou ao general Belisário que reprimisse o movimento . A repressão foi brutal : milhares de rebeldes alojados no hipódromo foram cercados e mortos. Era o fim da revolta popular Nika. Após a morte de Justianiano , em 565, o Império Bizantino  entrou em decadência e logo começou a perder territórios na Europa. No século VII , perdeu para os árabes a Síria , a Palestina e o Egito , regiões de grande importância econômica , além de posições-chave no comercio internacional. O processo de decadência , porém , não foi contínuo. Durante a dinastia macedônica (867-1056) , o império reconquistou terras no Ocidente , como  a ilha da Sicília (uma grande produtora de trigo), e na península Balcânica (depois de vencer os búlgaros), o artesanato (produção de artigos de luxo) e o comércio , sobretudo o de sua capital , voltaram a prosperar. O historiador Hilário Franco Júnior aponta três motivos para os períodos de prosperidade vividos pelo Império Bizantino :

a) a localização geográfica - o Império Bizantino era uma ponte que ligava a Europa à Ásia , Constantinopla era o grande armazém que centralizava o comércio mundial;

b) a existência de excelentes portos em seu território, como Alexandria e os portos da Síria e da Grécia (o território grego era bastante recortado e possuía bons portos naturais);

c) a força da marinha bizantina no Mediterrâneo , que permitia aos mercadores da Síria , do Egito e da Ásia Menor comerciar com os territórios banhados por aquele mar.

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