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sexta-feira, 12 de abril de 2019

Separação Entre Política e Ética


O filósofo italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527) é considerado o fundador do pensamento político moderno, uma vez que desenvolveu sua filosofia política em um quadro teórico completamente diferente do que se tinha até então. Como vimos, no pensamento antigo a política estava relacionada com a ética e , na Idade Média , essa ideia permaneceu , acrescida dos valores cristãos. Ou seja, o bom governante seria aquele que possuísse as virtudes cristãs e as implementasse no exercício do poder político. Maquiavel observou, porém, que havia uma distância entre o ideal de política e a realidade política de sua época. Escreveu então o livro "O Príncipe" (1513-1515) , com o propósito de tratar da política tal como ela se dá , ou seja , sem pretender fazer uma teoria da política ideal, mas , ao contrário , compreender e esclarecer a política real. Dessa forma , Maquiavel afastou-se da concepção idealizada de política . Centrou uma reflexão na constatação de que o poder político tem como função regular as lutas e tensões entre os grupos sociais , os quais , em seu entendimento, eram basicamente dois : o grupo dos poderosos e o povo . Essa lutas e tensões existiram sempre , de tal forma que seria uma ilusão buscar um bem comum para todos. Mas se a política não tem como objetivo o bem comum, qual seria então seu objetivo? Maquiavel respondeu : a política tem como objetivo a manutenção do poder do Estado. E , para manter o poder , o governante deve lutar com todas as armas possíveis , sempre atento às correlações de forças que se mostram a cada instante . Isso significa que a ação política não cabe nos limites do juízo moral. O governante deve fazer aquilo que , a cada momento, se mostra interessante para conservar seu poder. Não se trata , portanto, de uma decisão moral , mas sim de uma decisão que atende  à lógica do poder.

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