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domingo, 28 de abril de 2019

Urbanização E Modernização


O Brasil , no fim do século XIX , passou por um acelerado crescimento urbano. Com a abolição da escravatura , para fugir  das relações opressoras que permaneciam no campo, muitos ex-escravos migravam para as cidades. Grande parte deles ocupou cortiços na região central dessa localidades e se sujeitou a trabalhos instáveis , de domésticos , vendedores de rua , carregadores , carroceiros , etc. Enfrentando os preconceitos e desigualdades , nesse período , foram poucos os que conseguiram construir certa ascensão social. O aumento populacional das cidades era reforçado ainda pela quantidade de imigrantes que se deslocavam  para o país. Muitos deles , não conseguindo se fixar nas fazendas de café do Sudeste, procuravam melhores condições de sobrevivência por meio do trabalho no comércio ou nas indústrias dos centros urbanos. Com um crescimento tumultuado e desordenado e casas lotadas , sem esgoto e abastecimento de água e com pouca infraestrutura , as cidades eram palco do desenvolvimento de uma série de epidemias e endemias. Essa insalubridade contrariava os planos da elite urbana , influenciada pelas ideias de progresso , civilização , modernidade e bom gosto , advindas da Europa , sobretudo , de Paris. Assim , a partir do final do século XIX , diversas reformas urbanas foram realizadas nas principais cidades do pais , especialmente , na capital federal. Entre 1890 e 1910 , principalmente , sob a liderança do prefeito-engenheiro Pereira Passos (1836-1913) e do médico sanitarista Oswaldo Cruz (1872-1917) , a cidade do Rio de Janeiro sofreu intensas transformações. Grandes avenidas foram abertas a antigas ruas , alargadas e calçadas . O saneamento da cidade teve prosseguimento com a reforma do porto , a melhoria nos transportes por bondes e a criação de redes de esgoto e abastecimento de água nas vias públicas. Grandes edifícios , como a Biblioteca Nacional e o Teatro Municipal, foram criados. Por trás de todas essas reformas , havia a intenção de recuperar a imagem da cidade , tornando-a mais atrativa aos investimentos estrangeiros.  No entanto , as intervenções urbanísticas trouxeram um alto custo para a população pobre que habitava um alto custo para a população pobre que habitava o centro da cidade. A demolição do antigo centro transformou-se em uma espécie de guerra contra a pobreza , com a derrubada dos cortiços e "casas de cômodo" e a repressão dos costumes populares e atividades tradicional. Além da derrubada das casas , sem indenização para os despejados e suas famílias , uma política de especulação imobiliária , com o aumento dos alugueis , foi implementada.
Essa situação obrigou a maioria da população a se transferir para os subúrbios ou morros , onde , mais tarde , a aglomeração de casas em condições precárias recebeu o nome genérico de "favela". Atônita e sem um poder público ao qual recorrer , a população esboçou poucas reações. Parte das contestações populares às reformas materializou-se na Revolta da Vacina  . Para combater os surtos de varíola , Oswaldo Cruz implantou uma vacinação obrigatória . Porém muios - estouvadores de portos , militares , médicos tradicionais , entre outros - eram contrários a essa medida. O modo arbitrário com algumas ações foram desenvolvidas , sem esclarecimentos e com violência , levou grande parte da população a um motim. Este só foi debelado após dez dias , com auxílio de tropas de Minas Gerais e São Paulo. De qualquer forma , parte das elites urbanas brasileiras viveu sua belle époque na virada do século XIX para o XX. Diante dos impactos da revolução científica e tecnológica , ocorrida a partir dos países industrializados, a crença no progresso se generalizou.  Mudanças  de dimensões nunca vistas trouxeram , entre muitas coisas , o navio a vapor , a luz elétrica , o automóvel , o telefone e a fotografia. O desejo de se ajustar ao ritmo europeu ganhou entusiasmo ainda maior com a notícia de que o brasileiro Santos Dumont (1873-1932) conseguiu a Torre Eiffel com seu 14-Bis. Como se viu , a modernidade nacional foi marcada por grandes contrastes entre o país real e o desejado pelas elites intelectuais e políticas.



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