A Revolução Industrial com seus desdobramentos representou o aniquilamento das distâncias . A aceleração dos transportes foi tão impressionante que hoje já não se tem de sair do lugar para se estar em todos os lugares do mundo. Rio, Paris , Bagdá , Jerusalém estão todos dentro de sua casa. É só se debruçar nas janelas para ver essas cidades passando. E você tem duas janelas para ver o tempo passar : a televisão e as janelas , em inglês "windows" (programa de computador mais utilizado em todo o mundo). Existe hoje em Tóquio um parque aquático dotado de uma piscina com uma forte correnteza , onde os nadadores fazem exercícios sem sair do lugar, à maneira de uma bicicleta ergométrica. Simultaneamente , videogames substituem campos de golfe , simuladores de corrida substituem os autódromos. Tudo ao mesmo tempo, agora. Para falar da aceleração gerada pela tecnologia , o urbanista francês Paul Virilio afirma :
"Velocidade é violência. O exemplo mais óbvio é o punho cerrado. Nunca o pesei mas pesa cerca de quatrocentos gramas. Posso transformar esse punho na carícia mais delicada. Mas, se o arremessar em alta velocidade , posso fazer o nariz sangrar".
Fonte : Virilio , Paul Lotringer , Sylveree. Guerra pura ; a militarização do cotidiano . São Paulo : Brasiliense , 1984 . p.39.
Usamos em nosso "mundo da velocidade" uma expressão que um grego antigo ou um homem medieval teriam muita dificuldade em compreender : "Não tenho tempo pra mais nada". Você já parou para pensar no significado desta frase? Como afirmamos que "não temos tempo" se tudo que temos na vida é tempo? Estaríamos virtualmente mortos? Talvez façamos as coisas tão rápido , tão rápido que não vejamos o que fazemos. Como se estivéssemos num automóvel a 300 quilômetros por hora admirando , não os objetos , as pessoas , a natureza, mas a velocidade com que essas coisas se deslocam diante de nossos olhos. Enfim , admiramos a velocidade , aceleração industrial.
