Aristóteles também concebeu um modelo de universo extremamente organizado e racional (cosmos , como vimos antes) no qual a Terra tinha um lugar privilegiado , o centro (o geocentrismo) , embora fosse também o de menor perfeição (concepção platônica , o mundo corruptível da matéria). De acordo com esse modelo, o universo seria finito espacialmente e composto de diversas esferas concêntricas. A menor seria a da Terra ; a maior , a das estrelas fixas. A esfera correspondente à Lua dividiria o espaço em duas regiões , com qualidades totalmente distintas : a região terrestre (mundo sublunar) , mutável e imperfeita , e a região celeste (mundo supralunar) , imutável e perfeita , onde habitariam os deuses. Organizado hierarquicamente , o cosmos aristotélico trazia consigo a noção de espaço qualitativo : cada corpo (ou ser) teria uma qualidade e um lugar que lhe seriam próprios , e a esse lugar ele tenderia por natureza. Assim, de acordo com Aristóteles , quando atiramos uma pedra para cima e ela volta ao chão, isso ocorre porque esse é seu lugar natural. Pela mesma razão, a água tende a descer , enquanto o ar e o fogo tendem a subir. Durante a Idade Média , essa concepção do universo pôde ser incorporada pelos pensadores cristãos e adotada oficialmente pela Igreja Católica , pois garantia um posto privilegiado para o ser humano ( no centro da criação) , além de permitir que Deus pudesse ser identificado com o primeiro motor e tivesse seu lugar natural no céu (fora do mundo) , de onde podia comandar sua obra. Não havia , portanto , conflito com as escrituras sagradas , que ganhavam em racionalidade com o modelo aristotélico.