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sexta-feira, 19 de abril de 2019

Criação Do Alfabeto


Antes da criação e adoção do alfabeto na Grécia antiga , eram os poetas que transmitiam , oralmente , muitos aspectos da cultura . A juventude aprendia o que era piedade , amor , traição por meio de histórias míticas e épicas , isto é , de narrações sobre as aventuras e desventuras de seres humanos, heróis e deuses. Por exemplo: para se tornar sábio, o jovem tinha de agir como lhe contavam que Ulisses agia ; para ser corajoso , devia fazer o que lhe diziam que Aquiles fazia. (Ulisses e Aquiles são dois personagens dos maiores poemas épicos da Antiguidade grega , atribuídos a Homero.) Desse modo , linguagem e ação estavam estreitamente ligadas. Podemos dizer que o falar , o pronunciar certas palavras tinha o poder de promover determinadas coisas , indicar modelos a serem atingidos. Era uma linguagem de ação , baseada no relato de acontecimentos reais ou imaginários. A partir do século IX a.C., desenvolveu-se o alfabeto grego (que tinha como base o fenício) , o que facilitou a propagação da linguagem escrita na Grécia antiga,  dando início a uma transformação de grandes consequências. O relato oral foi perdendo relevância exclusiva de antes , pois o texto escrito, que lentamente se difundia , falava por si mesmo, e para "escutá-lo" não se necessitava mais do orador. Assim, como expressão do predomínio da linha na escrita - feita letra a letra , palavra por palavra , linha a linha - , a forma de pensar das pessoas também foi adotando cada vez mais a linearidade racional. Com isso, a linguagem de ação- característica do relato oral centrado nos acontecimento - foi sendo gradativamente suplantada pela linguagem de ideias , de reflexão . Passou-se a perguntar "O que é a sabedoria?" , " O que é a coragem?" , sem recorrer mais aos exemplos dos personagens míticos e épicos. Assim, na tarefa de educar a juventude , os poetas , os declamadores e os oradores foram sendo substituídos por filósofos , preceptores e professores. A na tarefa de educar a juventude , os poetas , os declamadores e os oradores foram sendo substituídos por filósofos , preceptores e professores. A narrativa épica deixou de ser a fonte exclusiva dos exemplos e modelos , cedendo espaço para os tratados filosóficos e científicos. Valorizou-se cada vez mais o pensar , em detrimento de outras formas de ação , a teoria , em lugar da prática , o ser , em vez do devir. E o papel ativo da linguagem foi sendo aos poucos esquecido.

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