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sexta-feira, 5 de abril de 2019

A Guerra Contra Os Civis


Se com a presença direta da superpotência Estados Unidos a Guerra do Golfo mostrou um novo formato para as batalhas , em outras partes do mundo ganhava cada vez mais espaço uma guerra molecular, de baixa intensidade, porém mais catastrófica ainda. Uma guerra empreendida contra populações civis. Desde a Segunda Guerra até o ano de 1994 ocorreram no mundo 160 guerras de diversas proporções que somaram 22 milhões de mortos. Na Primeira Guerra , 15% dos mortos eram civis; na Segunda Guerra , 65% ; já nos conflitos localizados do final do século XX - em Burundi, Ruanda , na Somália , Sudão, Timor Leste , Costa do Marfim - 90% dos mortos eram civis. Civis também tornaram-se o alvo preferencial de diversos grupos terroristas . No mais famoso desses atentados , em 11 de setembro de 2011 , terroristas muçulmanos desviaram quatro aviões em território norte-americano. Dois deles , carregados de combustível , foram lançados contra as Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York. O choque provocou o desmoronamento das torres e milhares de mortos. Um terceiro avião chocou-se contra o Pentágono, centro da decisão militar, em Washington, fazendo 189 vítimas fatais. O último, que podia ter como alvos prováveis a Casa Branca e Camp David , caiu em Pittsburgh , na Pensilvânia , causando a morte de seus 37 passageiros e sete tripulantes. No total , mais de seis mil mortos.  Após o atentado a Guerra Fria parecia algo longínquo. A destruição do World Trade Center desencadeava uma crise no modelo militar norte-americano. Homens armados com facas tomaram os aviões e causaram danos comparáveis aos piores bombardeios da Segunda Guerra Mundial. Na visão dos militares , os terroristas são inimigos anônimos e suas ações muitas vezes se assemelham a acidentes. O atentado clareava uma nova relação de forças bem distinta da bipolarização da Guerra Fria. Se o mundo passava a falar na globalização da economia , parecia estar em curso um terrorismo globalizado que, aproveitando-se do "poder da informação", garantia a repercussão oferecida pela publicidade televisiva , pelo caráter "noticiável" de suas atrocidades. "Isso é tão 11 de Setembro" , diria um jovem nova-iorquino para alguém que apresentasse preocupações superficiais sobre algum assunto. O maior atentado terrorista da história dos Estados Unidos foi deixando suas marcas no cotidiano.   As repercussões ocorreram em diversas direções. Após o atentado o presidente dos Estados Unidos, George W. Buch , fazia contínuas referências à luta do "Bem contra o Mal" . Bin Laden, responsabilizado pelo atentado , torna-se-ia o inimigo público número 1. Como resposta imediata , o Estado norte-americano organizou uma coalizão militar e derrubou o governo do Talibã no Afeganistão, que dava guarida à organização terrorista Al Qaeda , de Osama Bin Laden. Internamente os Estados Unidos aumentaram os mecanismos de controle e repressão. Para muitos essa atitude significou o maior retrocesso nas liberdades individuais do país desde a Segunda Guerra. O congresso aprovou uma legislação mais dura contra o terrorismo . Países da Europa fizeram o mesmo, sob protestos de grupos de defesa dos direitos humanos.  A sofisticada propaganda capitalista se voltou contra os responsáveis pelo atentado. Nos cinemas , na TV , nas revistas e nos jornais assistia-se a um aumento da retórica nacionalista.



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