Até a década de 1970 parecia que os Estados nacionais controlavam a economia. As grandes corporações eram severamente tributadas por eles, que se utilizavam desses recursos para garantir serviços de saúde, educação, moradia , lazer e cultura. Tentando garantir a atenção do Estado aos seus interesses , os sindicatos e as associações da sociedade civil pressionavam para manter o bem-estar social. A tecnologia desenvolveu-se a uma velocidade incrível. As grandes corporações e seus interesses parecem falar mais alto que governos, sistemas políticos , tribunais e opinião pública. Megaempresas se espalharam pelo planeta. Suas sedes administrativas muitas vezes foram instaladas onde os impostos eram menores e as unidades de produção, onde os salários eram mais baixos. Os capitais buscam locais onde os juros são mais altos e seus executivos vivem onde a qualidade de vida é elevada. Para atrair essas empresas e garantir empregos, palavra mágica do mundo contemporâneo , sociedade e Estado passaram a ceder às pressões que elas exercem. Se os sindicatos e a sociedade pressionam, insistindo em defender os salários , o cumprimento dos direitos trabalhistas e as exigências de medidas de preservação do meio ambiente , elas emaçam abandonar o local onde isso ocorre e procuram outro onde as pressões são menores ou inexistentes. Nessa lógica , entre 1989 e 1993 os impostos coletados sobre os lucros das grandes empresas na economia mundial caíram cerca de 18,6%. O medo da redução na arrecadação de impostos fez com que muitos Estados cedessem. Nesse jogo desigual multiplica-se o desemprego , a marginalidade e a violência . Em vinte anos, os países da União Européia se tornaram entre 50% e 70% mais ricos, mas mesmo assim eles somariam mais de 20 milhões de desempregados. Na Alemanha, desde 1979 , o lucro das empresas subiu cerca de 90%, mas os salários , apenas 6%. Nos Estados Unidos, o crescimento econômico enriqueceu apenas os 10% da população que estão no topo da lista da riqueza. Tudo isso tem alimentado uma insatisfação cada vez maior. Os defensores da globalização argumentam que o sistema econômico criado por ela , o neoliberalismo, contribuiu para o progresso geral da humanidade, melhorando a produtividade e levando a alta tecnologia a todo o planeta.
