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quinta-feira, 18 de abril de 2019

O Plano Cohen


O "perigo vermelho" ofereceu a Vargas justificativas que o auxiliaram a permanecer no poder até 1945 , e a morte de soldados e oficiais do Exército no combate à Intentona seria explorada durante décadas para alimentar o sentimento anticomunista entre os militares. Em meados de 1936, com a prisão de todo o comando do levante comunista, não havia mais motivos para a manutenção do estado de sítio. Para tornar mais complexa a situação, a cada novo pedido de prorrogação dos poderes extraordinários do presidente , maiores eram as resistências do Congresso Nacional, principalmente dos parlamentares articulados em torno do paulista Armando de Sales Oliveira (PD) , que pretendia disputar as eleições presidenciais marcadas para maio de 1938.  Assim , em junho de 1937 , o Congresso acabou por negar um novo pedido de Getúlio. As oligarquias temiam um golpe de Vargas. Nesse momento , três candidaturas já haviam sido apresentadas , além da de Sales Oliveira , a do paraibano José Américo de Almeida , ex-ministro de Vargas, e a de Plínio Salgado , líder dos integralistas . Mesmo assim , tudo indica que Getúlio Vargas não estava disposto a deixar o poder. Em setembro de 1937 , o país era surpreendido por uma grave denúncia : o PCB preparava uma nova insurreição comunista , liderada por um agente internacional denominado Cohen. Além do assalto ao poder, os revolucionários tramavam o assassinato de centenas de personalidades públicas e atentados a igrejas e prédios do governo. Um documento interceptado por militares atestava o plano. Na verdade , tratava-se de uma farsa montada pelo capitão do Exército (e militante integralista) Olímpio Mourão Filho e utilizada como justificativa para ações enérgicas do governo federal.  Diante da "denúncia" , Vargas solicitou ao Congresso a decretação do estado de guerra , que lhe concederia mais poderes que os anteriores estados de sítio. Apesar de algumas resistências , em 1¤ de outubro os parlamentares deram ao presidente os poderes extraordinários.  "Quem não for contra o comunismo é comunista". Este era o lema das perseguições e intimidações políticas , que se caracterizam por intervenções nos Estados , prisões e criação de campos de concentração militares para os militantes comunistas e simpatizantes. Tais medidas conseguiram imobilizar as oposições , já caladas pela censura aos órgãos de imprensa.

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