O médico grego Hipócrates (460-377 a. C.) foi o primeiro a olhar para um homem tendo um ataque epilético - uma crise de perda da consciência, acompanhada de convulsões - e dizer: " Não há nenhum deus aí dentro; é um fenômeno do corpo desse indivíduo" . Todos os outros povos da antiguidade dava uma explicação mística para o fenômeno. Viam deuses e demônios na epilepsia, chamado de "doença sagrada". Hipócrates afirmava que todas as doenças possuem uma causa natural, não devendo ser encarada como punição Divina. A explicação de Hipócrates para epilepsia ilustra O que a Grécia antiga nos proporcionou: a ideia da investigação sistemática, de que o mundo é regido por leis da natureza, e não por deuses cheios de caprichos. Matemáticos indianos inventaram o zero, chave da aritmética. A civilização chinesa inventou a pólvora e a bússola. Mas nenhuma dessas civilizações desenvolveram modelo que duvida de tudo, investigador e experimental. Esse modelo questionador veio dos gregos antigos. Uma civilização que desenvolveu uma assembleia, na qual os homens aprenderam a persuadir uns aos outros por meio do debate, da polêmica; uma economia marítima que impedia o isolamento e, ao mesmo tempo, desenvolveu uma classe mercantil independente que podia contratar seus próprios professores; que escreveu a Ilíada e a Odisseia, obras-primas da literatura e do pensamento racional; que construiu uma religião que não era dominada por sacerdotes. E, o fundamental persistiu em conjugar esses fatores durante mil anos. Como dizia o pensador romano lucrécio, os gregos viam "a natureza livre e desembaraçada de seus senhores arrogantes, agindo espontaneamente por si mesma , sem a interferência dos deuses" . Claro que se libertar da superstição é uma condição necessária, mas não suficiente, para a ciência. Então, que percurso histórico explicaria o aumento do racionalismo? O que levou os gregos a se diferenciarem dos outros povos da Antiguidade? Explicaremos em breve está situação.
