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domingo, 30 de junho de 2019

O Brasil e a América do Sul | América Latina


Os outros países da América do Sul sempre viram o Brasil como um país expansionista, encarando-o por isso com reservas. De fato, uma das aspirações de alguns intelectuais e de certos governantes do Brasil tem sido transformar nosso país, em relação  à América do Sul, em algo semelhante ao que os Estados Unidos são na América do Norte. Só que  esse projeto nunca se realizou, a não ser parcialmente. Quando comparamos a área total do Brasil na época da Independência (1822) como a de hoje, notamos que o território brasileiro se expandiu. E essa expansão se fez à custa de perdas territoriais de países vizinhos. É bastante conhecida a afirmação : " Para onde o Brasil for, a América do Sul (e a América Latina) irá também ".  É evidente que há muito exagero nessa afirmação, facilmente desmentida pelos fatos. Mas existe, ou pode vir a existir , um pouco de verdade nela. Afinal, o Brasil possui um território imenso, uma população maior que a de todos os demais países sul-americanos reunidos e uma produção industrial gigantesca para um país do Terceiro Mundo. No entanto, o pouco de liderança de que o Brasil dispõe na América do Sul em geral tem sido utilizado de forma conservadora, isto é, para ajudar a manter as desigualdades e evitar iniciativas de mudança. Basta lembrar o papel do Brasil, junto com a Argentina e o Uruguai, ao destruir a experiência paraguaia de desenvolvimento, no final do século XIX , na Guerra do Paraguai. Mesmo recentemente , durante o regime militar (de 1964 a 1985) , o governo brasileiro ajudou as outras ditaduras militares dos países sul-americanos (Argentina , Chile e Uruguai) a reprimir os movimentos populares e a perseguir pessoas que se opuseram a elas. Essa liderança do Brasil sobre os demais países latino-americanos acabou se estendendo também ao modelo econômico brasileiro: crescer à custa do endividamento externo e do arrocho salarial, ou seja, tirando o recursos dos assalariados para dá-los às grandes empresas . Embora frágil , essa liderança poderia ser utilizada de forma estratégica . Se o Brasil, por exemplo, empenhasse em realizar uma redistribuição social da renda e renegociasse sobre bases mais favoráveis a dívida externa,  certamente teria influência na América do Sul e talvez até mesmo em toda a América Latina. E se o Mercosul se desenvolver intensamente - o que depende em particular da economia brasileira , bem mais poderosa que as demais somadas -, sem dúvida todos os outros países da América do Sul vão querer ingressar nesse mercado comum. 

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