Até o final dos anos 80 , para alguns estudiosos e chefes de Estado, a expressão terceiro mundo teve um significado político: tratava-se do conjunto de nações unidas e em luta contra as superpotências (Estados Unidos e União Soviética). Essa posição política, que vê os países do terceiro mundo como uma força revolucionária, é chamada de terceiro-mundismo. Entre as posições "terceiro-mundistas" , podemos destacar três : a chinesa , de Mão TSE Tung ; a Líbia, de Kadafi ; e a de militares ou burocratas em certos regimes ditatoriais. Podemos aqui, como exemplo, mencionar os militares argentinos na guerra das Malvinas. A visão "terceiro-mundista" chinesa. A visão "terceiro-mundista" chinesa . Quando Mão Tse-Tung (1893-1976) dirigia a China, ele elaborou uma teoria diferente dos três "mundos" , mais adequada aos interesses chineses. O Primeiro Mundo , na visão chinesa , seria representado pelas duas superpotências (Estados Unidos e União Soviética) , agressivas e dominadoras. O Segundo Mundo seria formado pelas potências industrias capitalistas, como o Japão , a Inglaterra , França , a Alemanha e outras. O Terceiro Mundo seria constituído pela China- a grande líder - e pela maioria dos países da América Latina, África e Ásia, que deveriam se unir, sob a direção, para lutar contra a supremacia do Primeiro Mundo. Na verdade, essa posição política era conveniente para a China, que acabara de romper com a União Soviética, com quem esteve ligada até 1960. Além disso, o governo chinês pretendia transformar o país na terceira superpotência militar do Globo, com a construção de satélites artificiais, bombas atômicas, etc. A China não conseguiu competir militarmente com as superpotências, pois sua maior força - a imensa população- conta pouco numa guerra com tecnologia avançada. Por isso essa visão "terceiro-mundista" chinesa pouco a pouco foi sendo abandonada. A visão "terceirão-mundista" Líbia. O dirigente líbio Muamar Kadafi teve uma visão mais ou menos semelhante à visão chinesa. Para ele, a Líbia é a vanguarda do Terceiro Mundo, por causa das ideias políticas de seu governante e do forte predomínio da religião muçulmana no país. Kadafi propõe a construção de um "socialismo muçulmano" , isto é, de uma economia planificada, mas fundamentada nos ensinamentos do profeta Maomé. A visão "terceiro-mundista" na Guerra das Malvinas . Em 1982, o regime militar argentino invadiu as Ilhas Malvinas, situadas ao extremo sul do continente americano, a meio caminho da Antártida. Essas eles já haviam pertencido à Argentina no passado, mas foram tomadas pelos ingleses em 1883. Quando a Argentina tentou retomar essas ilhas, em 1982, a popularidade de sua ditadura militar estava em baixa. Havia um grande descontentamento da população em geral e ao mesmo tempo crescia o movimento oposicionista a que visava instalar um regime civil democrático. A invasão das Malvinas foi uma forma de o governo militar desviar as atenções do povo, de angariar simpatias numa luta "patriótica" contra as potências do Primeiro Mundo - a Inglaterra , em primeiro lugar, e os Estados Unidos, como seu principal aliado. Nesse momento os militares argentinos aproveitaram para propagar a visão "terceiro-mundista": os países pobres - no caso, a Argentina - contra os poderosos. Isso deu certo durante alguns meses. A oposição se uniu ao governo, o povo esqueceu os problemas do país e passou a preocupar-se apenas com a guerra. Mas a derrota aumentou o descontentamento já existente, provocando o final da ditadura militar.
