Por que, em vez de regimes democráticos, o que temos na América Latina são governos populistas? A resposta para essa pergunta está também no próprio processo histórico de colonização dos países latino-americanos. Quando comparamos a formação dos países europeus e latino-americanos, observamos que existem grandes diferenças . Na Europa , o Estado - isto é, as instituições políticas, como o governo , os tribunais, o parlamento, as forças armadas, etc. - foi consequência de muitas disputas dentro da própria sociedade. Na América Latina, ao contrário, essas instituições foram impostas pela metrópole colonizadora quando nem sequer havia ainda uma sociedade estabelecida. No Brasil, a divisão do território em capitanias hereditárias e , mais tarde, o estabelecimento do governo geral são exemplos disso. Tanto uma como a outra forma de administração política do nosso país foram decididas em Portugal, que não estava voltado para os interesses do Brasil e dos brasileiros, mas sim para os seus interesses. Dessa forma , tendo sido criado a partir dos interesses da Metrópole, o estado nos países da América Latina apresenta algumas características específicas. Em primeiro lugar, O Estado está separado da sociedade. Para a grande maioria das pessoas por exemplo, os governantes são vistos como se fossem o "patrão" e não como seus representantes. São vistos também como pessoas que apenas se aproveitam de seus cargos em benefício próprio, sei que a sociedade possa fazer nada para mudar essa situação. Outro fato que podemos observar é que, aos olhos da população, o estado é uma entidade forte, que tudo pode e que explora o povo como impostos excessivos, dando um pouco em troca. Ao mesmo tempo , é visto também como um fraco, pois não consegue se impor diante dos países desenvolvidos, em geral vive endividado com o exterior e está sempre devendo favores às potências mundiais. Assim, pode-se dizer que na América Latina as instituições políticas foram criadas antes mesmo que a sociedade estivesse bem formada. Nós países europeus ocorreu o contrário. Lá, as leis foram criadas para resolver os problemas existentes entre os vários grupos que compunham a sociedade ou para resolver as questões de soberania política com os países vizinhos. Já nos países latino-americanos, as primeiras leis foram elaboradas na melhor Metrópole com o objetivo de favorecer a exploração de riquezas pelos colonizadores. Hoje , apesar de independentes, os países da América Latina não conseguiram se livrar do peso dessa formação histórica. E o populismo é um exemplo disso. O político populista apresenta-se como um "bom patrão", como alguém que vai permitir que o povo tem acesso aos bens públicos. No entanto, uma vez eleito, as medidas em favor das classes populares são apresentadas como doação de governantes, como um favor que ele está prestando à população por ter "bom coração" ou por "se preocupar com os pobres". Assim, o que se espera do político é que ele seja como o "bom pai" que cuida de seus filhos e não como funcionário do estado que está a serviço da sociedade. É como se a razão de ser do país fosse o estado e não o povo ou a sociedade.