O governo cubano afirma que o sistema político e econômico do país é socialista . Essa definição , todavia, é bastante problemática. Em primeiro lugar , porque o termo socialismo foi pensado no século XIX para, de maneira sumida , definir uma sociedade sem classes , sem dominantes e dominados, sem desigualdades sociais, o que absolutamente não ocorreu em Cuba, e não ocorreu nem na Rússia, onde se fez a primeira revolução socialista (1917). Ressaltando que o Socialismo nunca deu certo em nenhum lugar do mundo. Em segundo lugar, porque a influência pessoal do "comandante" Fidel Castro era tão grande no país que se pôde chamar de "castrista" o regime cubano. É o comandante que governava o país desde 1959, sem eleições , e dava a palavra final em todos os assuntos : no ensino, nas forças armadas , na saúde , na política externa , na economia, etc. Mas Fidel não era um ditador típico da América Latina, geralmente identificado como governante impopular que se mantém no poder pela força. Ao contrário, ele possuía uma grande popularidade no país. Era um tipo de líder carismático. Ele como conseguiu essa liderança porque foi capaz de canalizar a seu favor os sentimentos da população e de simbolizar para o povo as mudanças que ocorreram em suas vidas e no país após a queda do ditador Batista. Para a população mais velha, que se lembra da péssima situação em que se encontrava o país durante a ditadura de Batista, Fidel representa uma espécie de "pai coletivo" , líder que acabou com a corrupção, a miséria absoluta, a fome, mendicância em grande escala necessidades e a dependência diante dos americanos. Só que o regime estava totalmente centralizado nele. Não havia espaço para novas lideranças , para renovação, para o surgimento de oposições. Até mesmo antigos homens de confiança de Fidel , considerados como heróis durante algum tempo, acabaram sendo presos por aparecerem muito diante dos olhos do povo e, assim, ameaçaram a continuidade desse poder, que já tinha um herdeiro : o irmão mais novo de Fidel , Raul. Frequentemente o governo afirmava que existia abertura democrática para a participação popular. Contudo, isso não era e nunca foi inteiramente correto. Realmente há inúmeros organismos que congregam a imensa maioria dos cubanos , especialmente os CDRS - Comitês de Defesa da Revolução - e a Organização José Martí de Pioneiros . Os comitês reúnem , por bairro, as pessoas com mais de 14 anos ; a Organização José Martí congrega as crianças. Mas a finalidade principal dessas organizações é a defesa de Cuba. Elas nasceram não por reivindicações populares de participação e sim pela estratégia governamental de mobilizar pessoas para defender o país de possíveis ataques por parte de centenas de milhares de exilados cubanos que fugiram de Cuba e hoje moram em Miami, Estados Unidos. Assim, todos os domingos os CDRs promoviam treinos militares para a população , com desmontagem de fuzis e preparação de campos minados, entre outras atividades . Portanto, essas organizações , em vez de serem associações populares que visavam a participação nas decisões políticas , eram na realidade instrumentos do regime para sua defesa e conservação. Entretanto, o contínuo agravamento da situação econômica do país e o aparecimento de uma oposição política, ainda incipiente e que encontrava muita dificuldade para atuar, além da idade avançada de Fidel, foram alguns dos sinais que mostraram que o "castrismo" deveria sofrer alterações naquela virada de século.
