Desde o início , a comparação do Terceiro Mundo com o Terceiro Estado foi criticada pelos estudiosos, pois estes duvidavam que os países subdesenvolvidos fossem de fato uma força revolucionária semelhante ao Terceiro Estado francês de 1789. Essa dúvida surgiu porque eles perceberam que nos países do Terceiro Mundo existem minorias privilegiadas que não querem que ocorram grandes mudanças na sociedade. Essas minorias são, portanto, cúmplices da situação de pobreza e dependência desses países. Assim, por exemplo, não tem sentido opor os Estados Unidos à América Latina, como se fossem patrão versus empregados, esquecendo que também nos países latino-americanos as classes dominantes se beneficiam dos baixos salários pagos aos trabalhadores. Por sinal, as classes dominantes dos países subdesenvolvidos são geralmente mais ricas e tem mais privilégios do que as classes dominantes dos países desenvolvidos. Além disso, os trabalhadores dos países desenvolvidos também são explorados: Ele trabalha para sustentar suas classes dominantes. Portanto, não seria correta a contraposição entre um país desenvolvido e outro subdesenvolvido, pois em ambos existem dominantes e dominados. Nos países ricos as médias salariais pagas aos trabalhadores são bem maiores que aquelas pagas nos países subdesenvolvidos. As diferenças chegam ser 10 ou até 20 vezes maiores . Isso antes de mais nada é o resultado de reivindicações dos trabalhadores da Europa e dos Estados Unidos, que desde o século passado lutaram por melhores condições de trabalho e de salários. Existe também outro elemento importantíssimo: em geral os países do terceiro mundo tem mão de obra abundante, normalmente de baixa qualificação (poucos anos de estudo ou nenhum), o que permite às empresas demitir à vontade e sempre tem muitas pessoas à disposição para contratar no lugar daquelas que ganhavam um pouco mais. Assim, quando consideramos que nos países desenvolvidos só existem ricos e nos países do terceiro mundo só existem pobres, como se a riqueza de uns se devesse à pobreza dos outros, estamos na realidade fazendo o jogo das classes dominantes dos países subdesenvolvidos. Isso porque para essas classes interessa esconder as desigualdades sociais que existem no país e culpa sempre os países ricos pelos problemas aí existentes. Por isso, a ideia de nações proletárias e a comparação no papel que o terceiro mundo deveria ter com aquele do Terceiro Estado na época da Revolução Francesa acabaram sendo esquecidas. Entretanto, a expressão terceiro mundo permaneceu, ganhando um novo significado. Basicamente , essa expressão refere-se hoje os países subdesenvolvidos ou países do sul pobre (em contraste com o norte industrializado, representado pelos países desenvolvidos). Ou seja, os países do terceiro mundo constituem a periferia do sistema capitalista Mundial - eles são os chamados países periféricos. Também os países menos industrializados em um dos do mundo socialista, que se encontra em crise, foram incluídos no conjunto dos países pobres ou do Sul. Vejamos em breve como se constituiu o sistema capitalista mundial, pois o capitalismo, que nasceu na Europa ocidental e se difundiu por todo o planeta nos últimos séculos, criou o mundo unificado, no qual povos e nações estão interligados, ou seja, são interdependentes. É o nosso mundo moderno, do comércio internacional, da industrialização, dos problemas comuns da humanidade. A unidade do mundo, a unificação do espaço Mundial, foi obra dos últimos séculos e trouxe grande progresso material para a humanidade em geral : desenvolveu a tecnologia moderna, construindo enormes pontes, edifícios, trens, aviões, computadores. Mas aumentou as desigualdades entre as pessoas e as nações. O mundo moderno é ao mesmo tempo mais rico e mais desigual, com maiores diferenças internacionais, do que o mundo tradicional que existia até alguns séculos atrás.
