Por causa das grandes semelhanças entre os vários países da América Latina, há algum tempo se discute muito a possibilidade de sua integração . Será que é possível a existência de uma América Latina de fato integrada, unida? É evidente que nunca houve no passado uma América Latina unida, integrada. O que há são problemas semelhantes, como a situação de dependência e subdesenvolvimento com características comuns. Mas isso nunca deu origem a uma união , a uma cooperação de solidariedade que resolvessem esses problemas de forma duradoura. Contudo, existe um sonho antigo de integração. Na primeira metade do século XIX , quando os países latino-americanos começaram a ser independentes, alguns líderes já defendiam esse ideal. O mais conhecido deles foi Simón Bolívar , cognominado El Libertador , por ter participado ativamente da Independência de vários países, como Bolívia, Peru, Colômbia e Venezuela. Bolívar proponha uma integração latino-americana, especialmente das nações de língua espanhola, não semelhante a que correra pouco antes com as trezes colônias norte-americanas. A comparação com os Estados Unidos sempre foi um argumento utilizado para justificar necessidade de integração. Nesse país , havia incialmente treze colônias bastante diferentes que, pouco a pouco, se uniram. Essa União se deu especialmente por ocasião da Independência, na luta contra a antiga Metrópole, a Inglaterra . Essa integração e a posterior expansão para o Oeste deram origem à grande potência econômica e militar que são hoje os Estados Unidos. Porém, apesar da unidade entre os estados norte-americanos, cada um tem uma grande autonomia. Trata-se , portanto, de uma Federação, isto é , na União constituída por estados integrados mas que conservam particularidades, como leis, impostos, costumes, educação, etc..., muito próprias e diferenciadas. O desejo de construir uma América Latina unificada, semelhantes aos Estados Unidos, foi um dos grandes ideais de Simón Bolívar. E essa inspiração foi e ainda é muitas vezes retomada por líderes políticos latino-americanos, inclusive brasileiros. Mas quando se fala em União da América Latina, surgem algumas questões. Por exemplo : que tipo de integração? Por quem será feita essa integração? Quem ela irá beneficiar? Como seriam respeitadas as particularidades de cada país numa unidade continental? Essas interrogações são importantes por causa da tradição latino-americana de autoritarismo político. Enquanto a integração norte-americana foi do tipo federativo, pois lá o governo da União possui uma pouca força diante dos governos estaduais e municipais, na América Latina se dá o inverso. Os governo centrais de cada país possuíram quase todos os poderes. Tudo aqui foi decidido de maneira centralizada, sem se respeitar as particularidades regionais e locais.