Derrotada as urnas , a UDN voltou à carga com suas intenções golpistas . Carlos Lacerda denunciou a demagogia e o apoio dos comunistas aos eleitos. Mais um vez a alegação de que não tinha sido atingida a maioria absoluta dos votos. A exaltação chegou aos quartéis. Num discurso inflamado , o coronel Jurandir Mamede pronunciou-se contra a posse de Juscelino e Jango . O Exército mantinha-se dividido em duas alas : uma , nacionalista , que defendia a posse da chapa vitoriosa ; outra , anticomunista , que propunha uma intervenção militar que "saneasse" o país e retirasse do jogo político os comunistas e líderes populistas. Àquele altura , o ministro da Guerra era o general Teixeira Lott, simpático à manutenção da legalidade constitucional. O general empenhava-se em manter o EXÉRCITO fora das disputas políticas e proibira qualquer manifestação de militares a respeito da sucessão presidencial. Diante da impertinência de Memede , Teixeira Lott solicitou ao presidente Café Filho autorização para punir o coronel . A temperatura política afetou a saúde do presidente , internado às pressas com um distúrbio cardiovascular . Seguindo a Constituição, Carlos Luz , presidente da Câmara dos Deputados , assumiu a presidência interinamente e logo em seguida negou o pedido de punição feita por Lott . Nesse momento , o poder civil interferia na hierarquia militar , impedindo que o general e ministro da Guerra punisse um subordinado. Lott demitiu-se do ministério e logo depois destituiu o presidente. A presidência passou a ser ocupada por Nereu Ramos , presidente do Senado, que garantiu , juntamente com os miltares legalistas, a posse de Juscelino e de João Goulart.