Um modelo (ou paradigma) energético surge e está associado tanto ao progresso técnico alcançado por um dado processo produtivo - que cria novas demandas de energia - quanto ao surgimento de uma demanda gerada por novas modalidades de consumo. Assim, podemos localizar historicamente alguns paradigmas energéticos , como carvão , a energia hidrelétrica e o petróleo. Para muitos especialistas , o temor de que venha a faltar combustível fóssil no mundo não tem fundamento. Eles se baseiam no fato de que historicamente novas reservas sempre têm sido descobertas. Há estimativas que apontam para uma disponibilidade de recursos fósseis - petróleo , gás natural e carvão - suficientes para atender à demanda mundial de energia do próximo século e talvez até mais. Os que entendem que essa é uma preocupação infundada chegam a chamar de "ciência do pessimismo" a prática dos que estudam a questão energética considerando a possibilidade de esgotamente dos fosseis . De fato, do ponto de vista econômico , realidade não tem comprovado a tese de que os recursos não-renováveis estejam se tornando escassos , já que a escassez potencial ou real se reflete nos preços de mercado : quanto menor a oferta maior o preço- e os preços têm se mantido estáveis nos últimos anos. É preciso fazer aqui uma diferenciação muito importante em relação ao caráter não renovável de outros recursos , tais como os metais , que não preocupam quanto ao seu possível esgotamento . Isso porque as inovações tecnológicas têm apresentado muitas alternativas de substituição , como as fibras ópticas de compostos de silício , que estão substituindo o cobre. Além disso , não é possível comparar o caráter não-renovável do petróleo com o dos metais. Por mais óbvio que possa parecer , é sempre bom reforçar que, uma vez consumido, um litro de gasolina, por exemplo, nunca mais será recuperável. Já os metais podem ser reciclados , como é o caso das latas de alumínio. Ou seja , os minerais usados para obter os metais são esgotáveis , mas estes , uma vez produzidos , podem entrar novamente na linha de produção ou ser reutilizados. Porém , foi sobre o petróleo , produto destinado ao desaparecimento , que a sociedade moderna construiu a sua civilização . Todo o conjunto da economia mundial foi organizado sobre esse paradigma . Não é possível , portanto, ignorar os interesses dos grandes complexos econômicos representados pelas indústrias de bens de capitais e de consumo , como as montadoras , que forçosamente deverão buscar tecnologias que contemplem outras formas de obtenção de energia.
(SCARLATO, Francisco Capuano e PONTIN , Joel Arnaldo. Energia para o século XXI. São Paulo , Ática , 1998.)