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domingo, 7 de julho de 2019

Gracialiano Ramos


Nomeado diretor da Instrução Pública de Alagoas em 1933, três anos depois foi demitido e preso, acusado de subversão comunista. O relato de sua experiência na prisão encontra-se em Memórias do Cárcere , publicadas em 1953. Em 1945, já considerado nosso maior romancista , depois de Machado de Assis , entrou no Partido Comunista Brasileiro. Em 1951 , elegeu-se presidente da Associação Brasileira de Escritores e , no ano seguinte , visitou a Rússia e os países socialistas , experiência que relatou na obra "Viagem". Graciliano Ramos é uma unanimidade em nosso país e também fora dele , quanto à mestria de sua obra , múltipla e ímpar , nos caminho que trilhou . Denunciou a desumanização do homem , seja instituindo a humanidade dos deserdados da seca nordestina , seja recriando a desumanidade dos "vencedores", cuja alma se perde em nome da aquisição da propriedade.  Outro aspecto no qual se debruçou de maneira irrepetível é a discussão do papel do escritor num mundo degradado e sem sentido , onde impera a violência e a brutalização. Por esses e outros motivos , tornou-se um reconhecido modelo de conduta artística e humana , no qual se espelham todos aqueles que buscam , por meio das palavras , "corrigir" as iniquidades que tornam a realidade menos legível que a arte. Você vai ler em breve um fragmento de "Mudança" , capítulo de "Vidas Secas". Estruturado em capítulos que parecem "peças autônomas" , isto é , que se encaixam de forma descontínua , o romance se debruça na trajetória de uma família obrigada periodicamente a fugir da seca nordestina e por isso a tornar-se nômade , sem teto que não seja transitório , nem perspectiva de trabalho que não seja ocasional.  Assim , as péssimas condições climáticas e a opressão social fazem com que os personagens de "Vidas Secas" o Fabiano , Sinhá Vitória , os filhos e Baleia , a cachorrinha que age , pensa e sente como gente - sejam silenciosos e hostis , comportem-se como seres incomunicáveis , não apenas em relação às pessoas da cidade , mas também em relação a si próprias . Entretanto , o narrador , relativizando a sua condição de bichos , de brutos , desvenda-lhes a humanidade submersa , reiventa o mundo de cada um deles. "Vidas Secas" (1938) e "São Bernardo" (1934), de que você também vai ler um fragmento , constituem suas obras principais , embora tenha escrito outras , também importantes , como "Caetés" (1933) , "Angústia" (1936) ,  "Histórias de Alexandre" (1944) , "Dois Dedos" (1945) , "Histórias Incompletas" (1946) , "Insônia" (1947) , "Histórias Verdadeiras" (1951) , além de livros publicados postumamente , entre os quais "Histórias Agrestes" (1960) , "Alexandre e Outros Heróis" (1962) , "Linhas Tortas" (1962) e "Viventes de Alagoas" (1962).

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