No verão de 1816 , a fragata francesa Medusa naufragou na costa africana , quando levava colonos e soldados para o Senegal. O capitão do navio, um aristocrata que conquistara sua posição por influência política , entrou num dos poucos botes salva-vidas , abandonando os passageiros , que considerava seus inferiores sociais. Numa jangada que construíram, 149 homens e uma mulher ficaram à deriva por 13 dias. Apenas 15 sobreviveram. O naufrágio deflagrou uma crise na França. Primeiro, o capitão fugira , desobedecendo à regra de ser o último a abandonar o navio. Segundo , a França se omitira de mandar socorre e , por isso, a jangada ficara à deriva por 13 dias. Terceiro , teria havido um motim , com a morte de mais de cem pessoas : os marinheiros teriam se revoltado contra os oficiais . E , finalmente , na jangada houvera a prática de canibalismo. Inspirado nesses fatos , Theodore Géricault (1791-1824) , um liberal, pintou sua obra mais ambiciosa : A jangada do Medusa (1818-1819). Géricault não poupou esforços na produção da obra. Entrevistou sobreviventes , estudou cadáveres e mandou construir um modelo de jangada. O quadro assumiu a condição de manifesto contra a escravidão , ao colocar um negro , a gesticular desesperadamente para o navio que se avista ao longe , como o salvador de embarcação , e contra a monarquia francesa , por ter abandonado seus homens.