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domingo, 7 de julho de 2019

A Primeira Geração Modernista (1922-1930)


Tendo como pano de fundo o irracionalismo , isto é , a negação do racionalismo burguês , a  primeira geração de nosso Modernismo inicia-se em 1922, com a Semana de Arte Moderna , e se prolonga até 1930 , quando novos elementos se impõem , caracterizando o surgimento de uma segunda geração. A geração de 22 - heroica , guerreira e combativa - tem como objetivo principal a destruição de todo academicismo , o "da casa" e aquele proveniente da tradição literária importada da Europa e representada sobretudo pelos modelos românticos , realista e parnasianos. Assim, a métrica , a rima , a linguagem de dicionário , a linearidade do discurso - com começo-meio-fim -, o sentimentalismo romântico e , também , a precisão no detalhe dos naturalistas tornam-se objeto de uma postura negadora e, também , a precisão no detalhe dos começo-meio-fim - o sentimentalismo romântico e, também ,  a precisão no detalhe dos naturalistas tornam-se objeto de uma postura negadora , destrutiva , de recusa coletiva. Nesse movimento , percebe-se com nitidez a influência das vanguardas artísticas europeias , defendendo o versilibrismo , as "palavras em liberdade" , associadas por analogia , em vez dos recursos sintáticos tradicionais ; a preferência pelos substantivos e verbos , em detrimento dos adjetivos e advérbios ; o bom humor , a blague (piada) e a ironia corrosiva , que brotam de uma concepção  artística radicalmente revolucionária. No Brasil, o tradicional a ser superado relaciona-se intimamente com a prática da importação dos modelos artísticos europeus e com o academicismo cosmopolita dela decorrente. Para os modernistas , ambos são responsáveis pela repressão da expressão artística das características nacionais desde a Colonização. Diante disso , Mário de Andrade , Oswald de Andrade e os demais representantes da primeira geração modernista brasileira propõem uma literatura capaz de conciliar as influências das vanguardas europeias com um novo nacionalismo , que ora se confunde com o nacionalismo romântico , ufanista e patriótico , ora assume um tom polêmico e paródico , satirizando o próprio nacionalismo romântico e "relendo" criticamente as etapas do processo de colonização-importação de valores europeus. Podemos assim utilizar as palavras destruição e nacionalismo para caracterizar sucessivamente as duas faces da produção literária de nossa primeira geração modernista : a estrutura formal (demolidora da tradição) e a preocupação temática (nacionalista).

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